Sistema ONU tem mais de US$ 30 bilhões em oportunidades de licitação para empresas brasileiras

24/11/2022
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Sistema ONU tem mais de US$ 30 bilhões em oportunidades de licitação para empresas brasileiras

Descrição da imagem: Clarissa no seminário sobre negócios com a ONU

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Brasil é competitivo no setor de medicamentos, alimentos e bebidas, entre outros. Seminário realizado pela ApexBrasil, MRE e Nações Unidas mostrou a empresários nacionais como tornar-se fornecedor deste amplo mercado global

Medicamentos, vacinas, comidas e bebidas, materiais de escritório, combustíveis, produtos de segurança e serviços em geral. A lista de bens e serviços que são constantemente adquiridos pelo Sistema de Compras das Nações Unidas (ONU), para suprir os projetos e a própria manutenção da organização, é ampla e vasta. Para auxiliar as empresas brasileiras a adentrar e se expandir nesse mercado promissor, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a ONU, organizaram nesta quarta-feira (22), um seminário sobre o Sistema de Compras da Organização, em São Paulo.

Segundo a gerente de Competitividade da ApexBrasil, Clarissa Furtado, o seminário vem em bom momento para informar aos empresários e empreendedores brasileiros sobre essas oportunidades. “Os números mostram que as vendas brasileiras para o sistema ONU estão crescendo, mas ainda há muito espaço para as empresas nacionais. Para conseguirmos ganhar relevância nesse mercado é preciso conscientizar os empresários das oportunidades que a ONU oferece. E também é preciso que se capacitem, pois há especificidades para participar dos certames e, por essa razão, estamos fazendo esse evento. Ao fornecer para a ONU, além dos negócios, as empresas ganham competitividade, pois precisam desenvolver atributos de sustentabilidade e qualidade”, afirmou.  

Estudo realizado pela Gerência de Inteligência de Mercado da ApexBrasil mostra que, atualmente, o Brasil ocupa a 38ª posição no ranking dos fornecedores para o sistema de compras e vendas das Nações Unidas, com US$ 186 milhões comercializados em 2021, o que correspondente a 0,6% de todo o consumo da organização. Os cinco primeiros fornecedores são Estados Unidos, México, China, Suíça e Índia. Quando o recorte são os países em desenvolvimento, a situação se mantém. O Brasil sobe para a 27ª posição, porém fica atrás de nações como Iêmem, Turquia, Quênia e Etiópia. 

Diplomacia comercial

Segundo a ministra do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do MRE, Cláudia de Angelo Barbosa, a posição que o Brasil atualmente ocupa na lista dos países que mais fornecem para a ONU é incompatível com a dimensão econômica e com a atuação política do país na Organização. “Desde a fundação da ONU, quando Oswaldo Aranha presidiu a primeira sessão da Assembleia Geral, em 1947, o Brasil é muito atuante no sistema ONU. E a diplomacia segue atuante na Organização até os dias atuais. O Brasil é importante contribuinte para a instituição, respondendo por 2,03% do total, sendo o 12º maior contribuinte regular para o orçamento da instituição. Mas ocupa uma posição incompatível como fornecedor”, disse, durante sua fala de abertura do evento.

Se a diplomacia brasileira contribui de forma expressiva com o sistema ONU, é entendimento comum das autoridades brasileiras que também é hora de o setor privado se integrar e ter maior participação nas vendas para a entidade. Segundo os representantes da ONU, a tarefa é mais simples do que pode parecer. Ainda que a participação do Brasil seja baixa, há grande possibilidade para avanços, pois há compatibilidade entre o que as empresas brasileiras têm a oferecer e os itens que a ONU compra. Dentre os principais produtos, há alta demanda por fármacos, contraceptivos e vacinas, cereais, óleos e gorduras vegetais comestíveis, por exemplo, todos produtos em que a indústria brasileira tem alta competitividade. A participação brasileira permaneceu constante entre 2016 e 2019, em torno de US$ 100 milhões, com crescimento em 2020 e 2021, quando ultrapassou os US$ 180 milhões, o que indica uma tendência de crescimento. Outro dado importante é que, até 2020, o setor de serviços era responsável pela maior parte das vendas, quando a comercialização de produtos chegou a 42% do total. 

Outro setor em que o país pode despontar é no fornecimento de commodities para o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em inglês). Segundo o chefe de Desenvolvimento de Parcerias e Negócios do programa, Igor Carneiro, o WFP é o maior comprador de alimentos e commodities em todo o mundo, com US$ 2,5 bilhões em negociações a cada ano. “O Brasil é o 4º maior produtor de alimentos do mundo, mas apenas 0,5% das compras do WFP são feitas de produtores brasileiros. O Brasil tem uma posição muito aquém do que poderia ter no sistema internacional. Países menores em produção tem uma relevância muito maior e é possível ampliar o acesso aos produtores brasileiros, pois, para combater a fome no mundo, precisamos do Brasil’, defendeu. 

As compras ainda englobam outros setores da economia, como segurança, aviação e engenharia. “Para montar nossas operações de paz é necessária uma grande logística, pois, na maioria das vezes, vamos a locais remotos, sem qualquer infraestrutura. Por essa razão, nossa demanda por serviços de engenharia, aviação e defesa é muito grande”, contou o representante da Divisão de Compras do Secretariado da ONU, Felipe da Silva Pires. Ele ainda destacou que a ONU tem uma única regulação financeira para o sistema de compras, mas que cada uma das 30 agências da Organização tem manual e regras próprias. Mesmo assim, todas seguem pilares comuns: melhor custo-benefício, que envolve não só o menor preço, mas o valor mais justo pela melhor qualidade; equidade, integridade e transparência; competitividade internacional efetiva, a garantia de que não haverá nenhum país privilegiado em relação a outro, e o interesse das Nações Unidas, já que as compras devem se enquadrar às diretrizes e ações da Organização. 

Cadastro único 

Ainda que cada agência tenha sua própria política de compras, todos os fornecedores precisam se cadastrar no site do Mercado Global das Nações Unidas (UNGM, na sigla em inglês). Há três níveis de cadastro: Nível Básico, para compras até US$ 150 mil, com informações da empresa como nome, tipo, registro comercial, contato; Nível 1, para compras até US$ 500 mil, que requer informações mais detalhadas, como contatos de clientes e documentos traduzidos para o inglês; e o Nível 2, para compras acima de US$ 500 mil, onde é preciso cadastrar cartas de recomendação, bem como balanços e documentos financeiros dos últimos 3 anos. 

Atualmente, são 380 mil empresas cadastradas no UNGM. O perfil de cada empresa é automaticamente casado com as Agências que são sinérgicas com os produtos ou serviços oferecidos, de modo que, rapidamente, fica visível para os compradores. Há um código específico para a categorização de serviços e produtos do UNGM, que é utilizado apenas na plataforma. Micro e pequenas empresas também podem se cadastrar, sendo que há incentivos das normas de compra para empresas lideradas por mulheres e que tenham requisitos de sustentabilidade, por exemplo. O UNGM também tem um aplicativo onde são divulgadas as licitações ou propostas de compra de cada Agência. 

Segundo o ministro do Consulado Geral do Brasil em Nova York, Fernando Sena, uma maior participação do Brasil é benéfica tanto para o país quanto para a Organização. “O comércio com o Brasil interessa às Nações Unidas, para quem é favorável ter diversificação dos fornecedores que ofereçam produtos de qualidade a preços competitivos. E as empresas brasileiras podem oferecer isso”, concluiu. A gravação do evento ficará disponível na plataforma de EAD da ApexBrasil, aqui

Tema: Promoção Comercial
Mercado: Não se aplica
Setor de Exportação: Alimentos, Bebidas e Agronegócios — Máquinas e Equipamentos — Casa e Construção — Economia Criativa — Saúde — Tecnologia da Informação e Comunicação
Setor de Investimento: Não se aplica
Setor de serviços:
Erro: