Estudo da ApexBrasil identifica mais de 100 oportunidades para produtos brasileiros no segundo país mais populoso da África
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) publicou nessa segunda-feira (26/02) o Perfil de Comércio e Investimentos – Etiópia. O estudo traz, além de dados macroeconômicos, números do comércio exterior e de investimentos entre Brasil e Etiópia, bem como questões de acesso a mercado e setores com oportunidades para as vendas brasileiras.
Em 2023, a Etiópia foi convidada a participar do BRICS. O país tem uma população de cerca de 126 milhões de habitantes e, segundo Economist Intelligence Unit, a economia etíope tende a crescer cerca de 6,2% em 2024, o que sinaliza que as relações comerciais com o Brasil podem crescer. A corrente de comércio bilateral ainda é incipiente. Em 2023, o fluxo de comércio registrado foi de US$ 23,8 milhões, com as exportações brasileiras representando quase a totalidade desse valor.
Na pauta exportadora brasileira predominam Óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) que tiveram uma participação de cerca de 80% do valor total exportado em 2023. Ao mesmo tempo esses produtos apresentaram o maior crescimento no período 2019-2023 (cerca de 420%) entre os 10 maiores produtos exportados em 2023.
Desafios
A Etiópia tem enfrentado uma crise macroeconômica de escassez de reservas internacionais, que resulta do descompasso entre exportações e importações (déficit anual médio em balança comercial de US$ 12,4 bilhões entre 2018 e 2022, e do desequilíbrio provocado pela guerra civil etíope na região de Tigray. Em meio à severidade dessa escassez, a Etiópia baniu em outubro de 2022 o uso de reservas cambiais para a importação de produtos considerados não essenciais, efetivamente proibindo seu ingresso no país.
Além de restrições relativas à escassez de meios de pagamento, as exportações para a Etiópia enfrentam custos logísticos elevados, dado que o país não possui acesso direto ao mar. Segundo o USTR (EUA), mais de 90% das importações etíopes ingressam no país através do porto de Djibouti, o que, conjuntamente a outros desafios alfandegários, torna o frete 60% mais caro na Etiópia que em países vizinhos.
Oportunidades
Em que pesem os desafios, o Mapa de Oportunidades da ApexBrasil aponta mais de 100 oportunidades comerciais para produtos brasileiros na Etiópia:
- Máquinas e equipamentos de transporte (Destaques: Bulldozzers, Niveladores e Tratores de lagarta)
- Produtos alimentícios e animais vivos (Destaques: Outros açúcares de cana)
- Artigos manufaturados, classificados principalmente pelo material (Destaques: utras guarnições de fricção, não montadas, não contendo amianto e outros artefatos de uso doméstico e suas partes, de ferro fundido, ferro ou aço)
- Produtos químicos e relacionados (Destaque: Glicerol)
Investimentos
Entre 2014 e 2023, a Orbis BvD identificou anúncios de 104 projetos greenfield e 18 acordos de fusão e aquisição estrangeiros na Etiópia, dentre os quais 111 são conjuntamente estimados em US$ 8,4 bilhões. Os principais anúncios incluem um projeto greenfield de geração de eletricidade por energia geotérmica de uma empresa da Islândia (Reykjavik Geothermal, US$ 2 bilhões), a expansão de uma fábrica de fertilizantes de uma empresa do Marrocos (OCP Group, US$ 1,3 bilhão) e a aquisição da etíope National Tobacco Entreprise pela japonesa Japan Tobacco Inc (US$ 510 milhões). A UNCTAD registra uma posição de US$ 35,3 bilhões em estoque de IED do mundo na Etiópia ao final de 2022, bem como um fluxo anual médio de entrada de IED no país de US$ 3,2 bilhões entre 2018 e 2022.
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