O design de joias brasileiro esteve em evidência na edição de setembro de 2025 da VicenzaOro, principal evento internacional de joalheria realizado em Vicenza, na Itália. O professor Adriano Mol, coordenador do Centro de Estudos em Design de Gemas e Joias da Escola de Design da UEMG, representou o Brasil no painel “The Evolving Perception of ‘Precious’ in the Jewellery Industry”, promovido pela CIBJO (Confederação Mundial da Joalheria), ao lado de representantes de grandes nomes do setor, como Francesca Manfredi (Kering), Raluca Anghel (Natural Diamond Council), Paola De Luca (The Futurist Ltd.) e Lisa Koenigsberg (Initiatives in Arts and Culture).
O Precious Brazil — uma iniciativa conjunta do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) — reforça esse protagonismo ao promover a criatividade e a identidade do design de joias do Brasil em feiras e eventos internacionais. Assim como a presença do professor Adriano Mol em Vicenza, o projeto contribui para consolidar a imagem do país como referência em inovação, sustentabilidade e expressão cultural no cenário global.
Durante o evento, Adriano Mol destacou que as joias brasileiras já são reconhecidas no exterior pelo uso expressivo das cores e pelo movimento característico de seu design. Ele observa, no entanto, que a crescente valorização da origem e da proveniência das gemas tem ampliado ainda mais essa visibilidade internacional, especialmente diante do reconhecimento de empresas brasileiras que se tornaram exemplo de mineração sustentável. Para o professor, a VicenzaOro revelou uma demanda crescente por narrativas que conectam design e responsabilidade socioambiental, mesmo em um mercado europeu maduro e altamente competitivo.
Entre os elementos que mais despertam o interesse de profissionais estrangeiros, Mol aponta a cor como o principal diferencial. “O Brasil é um país de gemas coloridas, e isso se traduz em um design vibrante, com uma identidade muito própria. Esse aspecto se torna ainda mais relevante hoje, num contexto em que o valor dos diamantes vem sendo questionado, especialmente pela concorrência dos sintéticos. As joias brasileiras oferecem um contraponto, na sua autenticidade e diversidade cromática.", explica.
O professor também destacou que o Brasil tem exemplos sólidos de boas práticas que já se tornaram referências internacionais, como a Belmont, nas esmeraldas, e a Mina do Cruzeiro, nas turmalinas, ambas participantes do Precious Brazil. As empresas demonstram que é possível integrar toda a cadeia de valor — da extração ao design — dentro de um modelo rastreável e sustentável. Segundo ele, embora ainda existam desafios relacionados à informalidade do setor, o país possui vantagens comparativas importantes, como a inexistência de práticas de trabalho infantil ou forçado e a atuação sob um sistema nacional de proteção ambiental.
Nesse contexto, iniciativas como a Blue List, apresentada pela CIBJO em Vicenza, reforçam o caminho para maior transparência e harmonização global, abrindo espaço para que o Brasil se destaque positivamente.
Adriano Mol também ressaltou o papel de projetos como o Precious Brazil na consolidação dessa imagem. Para ele, a força do projeto está em construir uma vitrine coletiva, que une empresas, designers e mineradores sob uma narrativa única e coerente. Essa abordagem, explica, fortalece a percepção do Brasil não apenas como fornecedor de gemas, mas como um polo criativo e inovador, capaz de oferecer joias com alto valor agregado e identidade própria.
Durante sua passagem pela Itália, o professor visitou ainda a Manifattura Bvlgari, em Valenza — considerada a maior e mais moderna fábrica de joias do mundo —, onde conheceu de perto o modelo italiano de integração entre tradição, inovação e excelência técnica. Ele destaca que a experiência evidenciou a importância de investir em formação, pesquisa e identidade de marca, pilares também da recém-lançada International Fine Jewellery Academy, apresentada durante a VicenzaOro.
Para o Brasil, a inspiração é clara: investir cada vez mais na formação técnica e criativa de jovens designers e artesãos, aliando excelência e autenticidade. Segundo Mol, “se conseguirmos unir nossa identidade única à excelência técnica, teremos condições de ocupar um espaço ainda mais relevante no cenário global da joalheria”.
Sobre a ApexBrasil
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a ApexBrasil realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil. A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do país.
Sobre o IBGM
O Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos é uma entidade nacional, de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1977, com a missão de representar, mobilizar, integrar, desenvolver e promover todos os segmentos da Cadeia Produtiva de Gemas, Joias, Bijuterias e Relógios, harmonizando seus interesses e promovendo a transferência de conhecimento, a confiança e a apreciação de seus produtos pelos consumidores.
Sobre o Precious Brazil
O Projeto Setorial visa apoiar e promover as empresas brasileiras dos segmentos de pedras, bijuterias e joias brasileiras que queiram exportar seus produtos, sejam elas iniciantes, exportadoras e internacionalizadas. Conduzido pelo IBGM – Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos em parceria com a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – o projeto atende atualmente cerca de 160 empresas do setor.
