Promovido pela ApexBrasil, o evento integrou entidades governamentais a mais de 30 setores produtivos parceiros da Agência. Tendências e perspectivas para o futuro da indústria e dos serviços dominaram os debates na manhã desta terça-feira (5)
A primeira edição do Encontro Nacional de Indústria e Serviços, organizado pela ApexBrasil e ocorrido nesta terça-feira (5) na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), reuniu governo e setor produtivo brasileiro com intuito de discutir perspectivas e estratégias para o futuro da indústria. Os debates foram realizados no contexto da Nova Indústria Brasil, apresentada em janeiro pelo vice-presidente da República e ministro do Ministério de Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. O ministro também participou do evento na Fiesp, onde anunciou medidas e projetos de lei que tramitam no Congresso para impulsionar indústria, serviços e comércio exterior. Leia aqui a cobertura sobre a mesa de abertura do evento.
De acordo com o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o Brasil vive momento positivo para o setor. “A gente está virando a chave. O Brasil estava travado, mas um país continental como o nosso, que cresce 2,9% no ano, isso tem que acender a luz verde em todas as empresas, em todos os lugares, para dizer: olha, gente, vai ter uma corrida de novo, os carros estão andando, e se não fizermos por onde, a gente pode ficar para trás”, destacou. Comprometida com os objetivos da Nova Indústria Brasil, a ApexBrasil tem alinhado suas estratégias com as políticas públicas do governo federal, rumo a uma nova fase dedicada à promoção da indústria no mercado internacional.
Além das autoridades, mais de 30 entidades setoriais parceiras da ApexBrasil foram representadas no encontro, em setores produtivos das áreas de Casa e Construção; Economia Criativa; Máquinas e Equipamentos; Moda; Saúde; Tecnologia; e Serviços, entre outros. Os debates foram desenvolvidos em torno de dois eixos temáticos: Agendas Estratégicas para Indústrias e Serviços, e Perspectivas dos Complexos Setoriais de Indústria e Serviços no contexto da Nova Política Industrial. Além disso, a diretora de Negócios da Agência, Ana Repezza, falou sobre o Mapa Estratégico da Agência para os próximos anos (leia aqui a cobertura).
Agendas Estratégicas para Indústrias e Serviços
O primeiro painel de debates envolvendo as entidades setoriais abordou as agendas estratégicas para a indústria e os serviços brasileiros, e contou com a participação de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), do MDIC, e da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
O diretor do Instituto Guimarães Rosa/MRE, Marco Nakata, falou sobre o setor da Economia Criativa, que, segundo ele, contribui significativamente para o PIB brasileiro. “É um setor dinâmico que combina cultura, economia e tecnologia; é um motor essencial para o desenvolvimento sustentável, inovação e diversificação econômica. No Brasil, com nossa rica tapeçaria cultural e artística, o potencial para expandir e internacionalizar nossa economia criativa é imenso”, defendeu.
De acordo com o diretor, o setor emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas, o que representa 7% do total da economia brasileira, com 130 mil empresas atuantes no país. “O Instituto Guimarães Rosa está empenhado em participar desse esforço conjunto de governos, setor privado, acadêmicos, artistas e sociedade civil. Juntos podemos transformar a economia criativa em uma força ainda mais poderosa para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.
Representando a Camex, a secretária executiva Marcela Carvalho frisou a importância de medidas que priorizem a geração de emprego e renda, defendendo instrumentos de apoio oficial às exportações. “A nossa ideia é sempre trazer medidas de facilitação de investimentos e apoio ao investidor estrangeiro, em se tratando de temas que se relacionam ao governo federal, de uma forma mais ampla. Temos interlocução com 47 órgãos da administração; então, trazemos sempre a questão do investimento como extremamente importante e relevante nesse momento”, destacou.
O superintendente de Negócios Internacionais da CNI, Frederico Lamego, falou sobre a necessidade de se uma criar agenda público-privada articulada para promover a Nova Indústria Brasil, ou seja, uma agenda de neoindustrialização voltada ao fortalecimento de uma economia de baixo carbono. “A gente precisa criar uma agenda na área de saúde, por exemplo, na área de defesa, de infraestrutura, etc, e, ao mesmo tempo, contemplando as agendas das diversas associações industriais brasileiras”, apontou Lamego.
O diretor do Departamento de Novas Economias do MDIC, Lucas Maciel, também reforçou as potencialidades do setor verde e destacou a questão ambiental como centro da agenda de articulação de políticas públicas. “A questão da iminência climática é algo estarrecedor de grave. Essa dupla crise de ebulição climática e de exclusão social dramática nos coloca com o imperativo de uma transição energética justa e inclusiva", pontuou. Maciel frisou ainda que existem grandes fluxos de capitais direcionados à Agenda Verde, e que eles podem e devem ser atraídos para o Brasil. “O Brasil tem uma posição muito estratégica, muito privilegiada. Eu acho que isso é cerne para uma agenda de atração de investimentos e para a conquista de novos mercados”.
Perspectivas setoriais
No evento, também houve um painel dedicado às perspectivas dos complexos setoriais industriais no contexto da Nova Indústria Brasil. Representantes de entidades parceiras da ApexBrasil contribuíram com o debate.
Haroldo Ferreira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, a Abicalçados, lembrou que o Brasil é o único local de produção do mundo com certificação de sustentabilidade. "Nosso país é o que produz o calçado mais sustentável do mundo. Nós éramos o terceiro maior produtor e hoje, infelizmente, somos o quinto. Mas com essa pegada da sustentabilidade, que é um diferencial de toda a cadeia, desde a produção de couros e da produção dos insumos, nós temos como agregar muito e aumentar a exportação, gerando mais postos de trabalho no Brasil. Através da ApexBrasil, nós poderemos voltar a crescer a exportação do calçado brasileiro", destacou.
Representando a Associação Brasileira das Indústrias de Móveis, Abimóvel, a diretora Cândida Cervieri lembrou que o Brasil também é o sexto maior produtor de móveis no mundo. "Até muito pouco tempo, durante a pandemia, nós tivemos uma quebra nas nossas indústrias de 76%, o que também foi uma grande oportunidade. Se não fosse o apoio da ApexBrasil, as indústrias não teriam atingido grandes volumes de exportação, e nós não estaríamos no mundo inteiro falando do Brasil, da qualidade dos nossos produtos e daquilo temos de melhor”, frisou a diretora. Segundo Cândida, hoje o brasileiro exporta sem financiamento e sem garantia, e a Nova Indústria Brasil vem para mudar este cenário.
Patrícia Gomes, diretora da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, a Abimaq, chamou a atenção para os desafios do setor. “A gente hoje não tem, ou tem ainda de forma muito limitada, instrumentos de apoio para financiar e garantir as exportações. As empresas do setor utilizam recursos próprios para financiar e garantir as suas operações. Quando isso acontece, outras agendas importantes para o setor são um pouco deixadas de lado. Então a gente precisa ter esse fortalecimento do sistema oficial de apoio às exportações e garantias para que a gente possa, de fato, tirar proveito dessa nova política industrial que a gente celebra”, ponderou.
Por fim, fechando a mesa de debates dedicada aos diversos setores produtivos apoiados pela ApexBrasil, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos, Abiquifi, Norberto Prestes, falou sobre a importância da nova política industrial para o mercado. Segundo Prestes, apesar de a indústria nacional farmacêutica produzir 65% dos medicamentos consumidos aqui, ela ainda não está inserida no mapa da inovação mundial do setor. "Nós não temos um medicamento, registrado e desenvolvido aqui no Brasil, que o mundo inteiro reconhece. Então o trabalho com esse projeto não é só atrair investimentos por si, mas desenvolver um sistema de inovação radical no país para dar solidez para quem vai vir e incentivar quem está produzindo aqui a desenvolver esses novos medicamentos”, pontuou o presidente.
Hoje, a ApexBrasil mantém mais de 30 projetos setoriais apoiados pela Gerência de Indústria e Serviços da Agência, dedicados ao desenvolvimento de diferentes complexos econômicos. Todos são executados em parceria com entidades de referência nos setores produtivos em que atuam em âmbito nacional.