Evento promovido pela ApexBrasil e MAPA reúne parceiros estratégicos no campo governamental, associativo e empresarial para unir esforços e articular estratégias
O Brasil é reconhecido mundialmente por sua produção agrícola com quantidade e qualidade, sendo o maior exportador global de diversos tipos de alimentos. Entretanto, o país ainda depende amplamente de fornecedores internacionais para ter acesso a um elemento essencial: os fertilizantes. De acordo com dados do setor, o Brasil importa cerca de 90% deste insumo, fundamental para ampliar a produtividade das lavouras brasileiras. Na expectativa de buscar soluções para mudar esse cenário, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), promoveu o workshop “Fertilizantes 2025: Cenários e Perspectivas”.
O workshop, realizado em Brasília na segunda-feira (30), reuniu representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (MAPA), Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Minas e Energia (MME). O evento também teve a participação de cerca de 200 pessoas, entre órgãos públicos, entidades associativas e empresas envolvidas na cadeia produtiva agrícola nacional. Todos envolvidos em mudar o cenário atual, que coloca o Brasil como maior importador mundial de fertilizantes. O principal objetivo é colocar em prática a meta do Plano Nacional de Fertilizantes de reduzir a dependência de importações a 50% até 2050.
A abertura do evento contou com a presença da diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, do secretário executivo adjunto do MAPA, Cleber Soares, do diretor de Transformação e Tecnologia Mineral do MME, Rodrigo Cota e do diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Insumos e Materiais Intermediários do MDIC, Carlos Leonardo Durans.
O momento inicial do workshop foi marcado também pela renovação por mais dois anos do protocolo de intenções entre a ApexBrasil e o Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-primas para Fertilizantes (Sinprifert). A Agência compartilha com o sindicato a meta do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CONFERT) para atrair investimentos para o setor. A parceira tem o objetivo de desenvolver iniciativas que visam colaborar com os objetivos e metas do Plano Nacional de Fertilizantes, em especial aqueles que visam melhorar o ambiente de negócios, a competitividade e a sustentabilidade da cadeia nacional de fertilizantes.
Em seguida, foram realizados os painéis “Investimentos em Fertilizantes”, “Inovação na produção de fertilizantes” e “Financiamento e Fomento para ampliação dos investimentos em fertilizantes”. A gerente de Investimentos da ApexBrasil, Helena Brandão, foi a moderadora do primeiro painel, que trouxe experiências de empresas internacionais na atração de recursos para o setor. Os painéis seguintes tiveram a moderação do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (MDIC) e Ministério de Minas e Energia (MME).
Para fechar a programação, foram realizadas três mesas de discussão para debater temas estratégicos, como desafios regulatórios, logísticos, de licenciamento e pesquisa mineral para viabilização de novos projetos, além de desafios para ampliação do mapeamento geológico. Participaram deste momento instituições como CNI, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Ministério de Portos e Aeroportos, Embrapa, CNT, entre outras.
De acordo com a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, o workshop foi palco de discussões relevantes para atrair investimentos com o objetivo de atingir a meta prevista no Plano Nacional de Fertilizantes.
O Plano 2023-2050 prevê que nós reduzamos a dependência dos fertilizantes importados em até 50% ao final do período. Para isso, vamos trabalhar muito forte com a atração de investimentos para a cadeia de fertilizantes no Brasil e também focando na nossa competitividade internacional do agronegócio já que os fertilizantes são um insumo indispensável para nós ganharmos o mundo com os produtos do agronegócio.
Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil

Para a gerente de Investimentos da ApexBrasil, Helena Brandão, são necessárias alternativas viáveis para atender à necessidade de captar investimentos para o setor de fertilizantes.
Para suprir essa lacuna, a ApexBrasil possui um programa chamado “Invest in Brasil Fertilizantes”, que existe para trazer empresas e investimentos estrangeiros para o país. Tivemos um painel com algumas companhias estrangeiras que já investem no Brasil e elas tiveram a oportunidade de trazer alguns desafios e entraves para que esse investimento aumente. São muitas questões que a Agência quer endereçar para os órgãos públicos para que consigamos acelerar esse processo de investimento e reduzir essa dependência externa de um insumo que é tão importante para a segurança alimentar.
Helena Brandão, gerente de Investimentos da ApexBrasil
O evento é uma oportunidade para pactuar as pautas para o setor e articular propostas de soluções. Essa é a opinião de José Carlos Polidoro, assessor especial de projetos estratégicos do Ministério da Agricultura e Pecuária. “Aqui estão todos os players, temos mais de 200 inscritos, e esse evento faz parte das atividades do Plano Nacional de Fertilizantes. O que foi discutido aqui refletirá na plenária do CONFERT que inclusive se reúne no próximo dia 22 de julho. A nossa expectativa é que ao reunir empresários do setor, gestores públicos e especialistas iremos mostrar que o Brasil pode se tornar um líder mundial na nova indústria de fertilizantes que surge em um cenário de descarbonização das cadeias produtivas”.
O diretor executivo do Sinprifert, Bernardo Silva, acredita que oportunidades como esta são fundamentais para articular diversos setores estratégicos em torno de um objetivo comum, que é o de ampliar a oferta e reduzir a dependência estrangeira desse insumo essencial, em especial em um momento de tensões geopolíticas. “O desafio que o Plano traz de reduzir a dependência externa pela metade que hoje beira em 90% é essencial para que consigamos reduzir custos para o agricultor, oferecer maior disponibilidade de novas tecnologias e fomentar a produção nacional. Se conseguirmos atingir as metas do Plano, isso significa que vamos precisar quintuplicar a produção nacional em 25 anos, serão necessários investimentos na ordem de R$ 200 bilhões em capacidade produtiva.