Com a presença do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, encontro buscou integrar estratégias da Nova Indústria Brasil com mais de 30 setores produtivos parceiros da Agência
O I Encontro Nacional de Indústria e Serviços, iniciativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) realizada nesta terça-feira (5) na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), teve sua estreia marcada pela presença do governo federal e de representantes de mais de 30 setores produtivos parceiros da Agência. O objetivo do encontro foi aproximar o setor privado das políticas públicas voltadas à promoção da indústria e serviços, discutindo tendências, oportunidades e perspectivas para o futuro.
Durante a abertura, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, elogiou a iniciativa. Ele lembrou que o Brasil está sediando, este ano e no próximo, importantes eventos globais, como é o caso dos encontros do G20 e da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP. "Isso mostra o quanto o Brasil tem recuperado o protagonismo no mundo pelas causas certas", ressaltou Gomes. De acordo com ele, o Brasil tem todas as condições para contribuir de forma relevante no enfrentamento dos maiores desafios globais do momento, a exemplo da segurança alimentar e da transição energética.
Josué também agradeceu a ApexBrasil pela atenção que a Agência tem dedicado à exportação de bens industrializados e de serviços. "Temos, sim, que acreditar mais na força do Brasil. É uma economia forte que está se recuperando e vai conseguir cada vez mais se impor, especialmente nesses próximos dois anos em que seremos o centro das atenções do mundo", destacou.
Nova Indústria Brasil
O vice-presidente da República e titular do MDIC, Geraldo Alckmin, afirmou que a Nova Indústria Brasil é baseada na inovação e na sustentabilidade, sendo verde, exportadora e produtiva. "O Brasil é o grande protagonista da energia limpa, da energia renovável e nesse momento estamos votando o combustível do futuro. Nós teremos aí várias rotas tecnológicas, elétricas, hidrogênio de baixo carbono, biocombustíveis", enumerou. A chamada economia verde, aliás, faz parte da Nova Indústria Brasil, política anunciada em janeiro pelo MDIC e citada em vários momentos durante o encontro.
Como importante medida da Nova Indústria, Alckmin também destacou a reinserção do país no mercado global, começando pelos países vizinhos. Segundo ele, embora o mundo seja globalizado, o comércio ainda se dá de forma intrarregional. "Precisamos retomar as exportações e o comércio aqui na nossa região. A primeira boa notícia foi a ampliação do Mercosul", disse o vice-presidente, fazendo referência à recente entrada da Bolívia no bloco comercial, que conta agora com cinco países.
Alckmin trouxe, ainda, a pauta da reforma tributária como outra estratégia importante da nova política. "Hoje quem exporta acumula crédito. E o que eu faço com esse crédito acumulado? A reforma tributária, à medida que ela acaba com a cumulatividade, desonera completamente investimento e desonera completamente exportação. Ela vai dar um impulso à exportação, além de simplificar e reduzir custos", explicou. O titular do MDIC também destacou projetos que tramitam no Congresso para alavancar a Nova Indústria Brasil, como o BNDES Exim, que autoriza o Banco a retomar financiamentos de serviços prestados por empresas brasileiras no exterior, e o projeto de Depreciação Acelerada, voltado para a renovação de máquinas e equipamentos do parque industrial brasileiro.
Fortalecimento da indústria
O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação de Comércio Exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Luis Gordon, disse que o país está aprendendo a voltar a fazer política industrial, inovando as formas e reconstruindo mecanismos de apoio ao setor. Gordon destacou uma série de medidas do BNDES para estimular as exportações dentro da Nova Indústria Brasil, como o Plano Mais Produção. Conhecido como "o Plano Safra da indústria", tem foco em quatro grandes eixos: inovação, sustentabilidade, exportação e aumento de produtividade. Só no eixo de inovação, por exemplo, foram destinados R$ 66 bilhões, segundo ele a maior soma de recursos já alocada para a inovação do país.
Uallace Moreira Lima, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, lembrou das missões da Nova Indústria Brasil, que têm como foco a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa. "Em nenhum país do mundo foi possível avançar sem indústria. Nesse sentido, pensar na Nova Indústria Brasil é pensar também nos instrumentos que temos disponíveis para trabalhar", comentou, afirmando que a política industrial se tornou central no mundo.
Segundo ele, o Brasil está numa condição "extremamente favorável" para otimizar janelas de oportunidade, como a transição energética. Para Lima, é importante explorar esse cenário, dando à indústria um plano de longo prazo e oferecendo previsibilidade para estimular o investimento produtivo privado, com aproximação entre governo e setor privado. “É isso que é a Nova Indústria Brasil; é se aliar ao setor privado para que a gente possa encontrar o caminho de implementar as melhores medidas para estimular o investimento produtivo, gerando emprego e renda", sublinhou.
Mapa Estratégico
Também na cerimônia de abertura, a diretora de negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, fez uma introdução sobre o Novo Mapa Estratégico da Agência para os próximos anos. "A gente fez questão de colocar, na nova redação da nossa missão, a contribuição para as políticas públicas nacionais", ressaltou. Ela também destacou que sustentabilidade, diversificação de produtos e destinos e equidade de gênero estão entre os norteadores dessa gestão da Agência. Leia mais aqui sobre a apresentação do Mapa Estratégico da ApexBrasil.
Sobre a Nova Política Industrial, Repezza disse torcer para que os projetos de lei anunciados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin sejam aprovados, uma vez que, além de necessários, são demandas que as próprias empresas trazem para a ApexBrasil. "É necessário retomar esse apoio. Empresas deixam de exportar por falta de crédito. O Brasil, com a potência que tem, não pode ficar de fora dessa sistemática de promoção da exportação para garantir nossa competitividade internacional". O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, reforçou o empenho da Agência em conectar seus projetos com as políticas públicas do governo federal. "Saindo daqui, o dever de casa é criar uma sinergia na parte de governo para a gente alavancar os investimentos", finalizou.
Ao longo da manhã desta terça-feira, mais de 30 entidades setoriais parceiras da ApexBrasil estiveram presentes, representando setores produtivos das áreas de Casa e Construção; Economia Criativa; Máquinas e Equipamentos; Moda; Saúde; Tecnologia; e Serviços, entre outros. Os debates foram desenvolvidos em torno de dois eixos temáticos: Agendas estratégicas para indústrias e serviços; e Perspectivas dos complexos setoriais de indústria e serviços no contexto da Nova Política Industrial. Leia aqui a cobertura das discussões.