Missão promoveu encontros dos SECOMs, SECTECs e Adidos Agrícolas em Portugal, Polônia e Bélgica, em busca de aprimorar as relações comerciais com países do continente europeu
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) encerraram, nesta quarta-feira (30), missão realizada em Portugal, Polônia e Bélgica, iniciada em 23 de abril. Com o apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em cada um desses países foram realizados encontros dos Setores de Promoção Comercial (SECOMs), Setores de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTECs) e dos Adidos Agrícolasn de diversos países da região, com o objetivo de discutir novas oportunidades de inserção de produtos brasileiros no mercado europeu e, principalmente, a validação do Acordo Mercosul-União Europeia.
Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, presente durante toda a missão, a discussão sobre o Acordo vai além de uma pauta econômica. “Trata-se de uma resposta estratégica em um cenário global marcado por incertezas. Saio desta missão mais otimista do que cheguei. O Mercosul é uma oportunidade, uma solução e um caminho nesse novo contexto global”, afirmou.
Segundo Viana, o acordo impulsiona a criação do maior bloco econômico do mundo, com cerca de 700 milhões de habitantes e benefícios recíprocos. “De um lado, a Europa reforça sua relevância internacional, enquanto de outro, o Mercosul amplia sua inserção comercial e fortalece laços históricos com o continente europeu”, reforçou.
Para ser validado, o Acordo Mercosul-União Europeia precisa ainda passar pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia - os dois principais órgãos de decisão do bloco.
Na avaliação do chefe da Missão do Brasil junto à União Europeia, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, há perspectiva de muitas oportunidades para diversos setores. “O Acordo tem um poder transformador também no Brasil. Ele pode diminuir o que eu chamo de desvantagem comparativa do Brasil em relação a outros fornecedores, já que nós somos um dos poucos países que não têm preferências no mercado europeu”, explicou. “Com isso, poderemos descobrir novas oportunidades, trabalho que será feito pela ApexBrasil, Itamaraty e outros parceiros”, concluiu.
Estiveram presentes nos encontros os embaixadores do Brasil de Portugal, Raimundo Carreiro Silva; da Bélgica, João Mendes Pereira; e da Alemanha, Roberto Jaguaribe. Participaram também o secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do MRE, embaixador Laudemar Aguiar, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do MAPA, Luís Rua, e o presidente da Fiocruz, Mário Moreira.
Os encontros foram palco para reuniões entre representantes do setores público e privado, incluindo lideranças de associações e empresas brasileiras, como Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS), CitrusBR, Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), Marfrig/BRF, Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Braskem.
Estes foram os 7º, 8º e 9º Encontros de SECOMs, SETECs e Adidos Agrícolas realizados pela ApexBrasil, Itamaraty e parceiros, desde o início deste mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em busca de novos mercados
Ao iniciar a missão, Jorge Viana destacou o engajamento pessoal do presidente Lula e a atuação do governo brasileiro no esforço para gerar novos negócios, empregos e mais espaço para as empresas nacionais no comércio global. “Com a volta do presidente Lula, retomamos com muita força a diplomacia presidencial. Ele esteve presente em nossos fóruns empresariais e trabalha como ninguém para promover a imagem do país”, disse.
O senador Nelsinho Trad, que na missão representou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, elogiou a atuação do Itamaraty e da ApexBrasil na conquista de novos mercados e na construção de pontes diplomáticas e comerciais que resultam em geração de negócios, investimentos e desenvolvimento para o Brasil. “Esta cooperação que existe entre Itamaraty e a ApexBrasil é fundamental. Eu realmente saio bastante satisfeito em ver a promoção que a ApexBrasil tem feito na gestão do presidente Jorge Viana”, disse Trad. Ele destacou também a importância da reciprocidade no cenário internacional e na diplomacia brasileira para as exportações nacionais. “A gente não faz nenhum negócio se não houver entendimento, confiança e reciprocidade com o outro. Eu acho que quem promove muito bem isso é a diplomacia brasileira. Por meio do fortalecimento dos laços diplomáticos, os negócios acontecem”, observou.
Para a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, a missão foi um ponta pé inicial para uma série de ações coordenadas de fomento a promoção comercial. “Queremos garantir que essas discussões que temos aqui a respeito das potencialidades e do que precisa ser feito para que o produto brasileiro entre mais nesses países realmente surtam efeito e se transformem em ações concretas de promoção comercial e de atração de investimentos”, ressaltou.
A missão teve uma intensa agenda de reuniões com representantes de setores estratégicos e interlocutores do Parlamento Europeu.
Em Portugal, nos dias 23 e 24, o encontro abriu espaço para debates sobre oportunidades dos produtos “made in Brazil” nos mercados europeus e os impactos da validação do Acordo.
A delegação brasileira visitou ainda a “Casa Brasil”, onde foi realizada a cerimônia de assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a ApexBrasil e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforçando o compromisso com a internacionalização da ciência brasileira e o fortalecimento da saúde global. Com a parceria, a Fiocruz passará a atuar na capital portuguesa, em um espaço cedido pela ApexBrasil, e vai auxiliar na missão de internacionalizar as empresas brasileiras. “A Casa Brasil é um escritório coletivo. Aqui estão a Apex, o Sebrae, a Fiocruz e a Fundação Banco do Brasil, todos trabalhando para promover o Brasil no exterior”, destacou o presidente da ApexBrasil.
Etapa Varsóvia
Na Polônia, nos dias 25 e 26, foram discutidas as peculiaridades e potencialidades do mercado polonês e dos demais países do Leste Europeu. De acordo com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do MAPA, Luís Rua, o Leste Europeu pode abrir novas portas para o Brasil. “Espero que a gente possa refletir um pouco mais sobre as oportunidades, os desafios que temos visto aqui nestas reuniões e olhar um pouco mais para os países do Leste Europeu. Tem uma série de potencialidades que a gente precisa explorar”, analisou.
Entre as oportunidades com potencial para atração de Investimento Direto (IED) europeu no Brasil, apresentadas durante as discussões, foi mencionada a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde da Fiocruz, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, cujo projeto está estimado em R$ 6 bilhões.
Etapa Bruxelas
Na Bélgica, nos dias 28 e 29, foram avaliados setores que podem ser beneficiados com a validação do Acordo Mercosul-UE, como agronegócio, serviços, indústria, tecnologia, sustentabilidade, inovação e área de compras governamentais.
Na ocasião, o chefe de Assuntos Estratégicos da ApexBrasil na Europa, ex-chanceler Aloysio Nunes, destacou o papel fundamental do time de brasileiros que atua diretamente na promoção comercial no exterior. “Nós temos aqui pessoas dedicadas à abertura de mercados, à promoção conjunta com empresas brasileiras em seus esforços para a internacionalização, participação nossa em feiras, organização de encontros com compradores europeus e atração de investimentos”, destacou.
Sobre o Acordo Mercosul-União Europeia
O Acordo prevê que a União Europeia se comprometa com a eliminação de 100% das tarifas de importação para produtos brasileiros em até 10 anos, com cerca de 80% das linhas tarifárias liberalizadas de forma imediata a partir da sua vigência. A ação vai beneficiar a exportação de bens como químicos, máquinas, equipamentos médicos e autopeças.
No curto prazo, as oportunidades de desgravação para o Brasil abrangem 242 linhas tarifárias da UE e cerca de US$ 109,8 bilhões das importações anuais do bloco, de modo que as exportações brasileiras podem crescer mais US$ 7 bilhões.
Em 2024, o valor total das exportações brasileiras para a União Europeia cresceu, em média, 10%, atingindo US$ 48,3 bilhões. Esse desempenho posicionou o Brasil como o 14º maior fornecedor do bloco e consolidou sua liderança em categorias importantes, como café não torrado (36,3% do total importado pela UE) e farelos de soja (34,3%). Nos últimos seis anos, quase todos os principais grupos de produtos exportados, incluindo petróleo, soja e cobre, apresentaram crescimento médio anual positivo.
Para mais dados e informações, confira conteúdos exclusivos da ApexBrasil:
Perfil de Comércio e Investimentos do Leste Europeu - Acesse aqui.
Perfil de Comércio e Investimentos da União Europeia - Acesse aqui.
Para saber mais sobre o Acordo Mercosul-União Europeia - Clique aqui.