Publicação mapeia 54 produtos compatíveis com a floresta e revela oportunidades globais para ampliar a bioeconomia e o comércio sustentável na região Amazônica
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lança o estudo “Produtos Compatíveis com a Floresta: oportunidades globais para a Amazônia Legal”. Com o entendimento de que a manutenção da floresta depende cada vez mais da valorização econômica de seus produtos sustentáveis, o estudo demonstra que é possível gerar desenvolvimento e preservar o bioma ao mesmo tempo, fortalecendo as comunidades locais e a biodiversidade.
“O futuro da Amazônia será definido pela nossa capacidade de fazer negócios sustentáveis. A Apex está ajudando a tornar isso realidade, buscando levar produtos amazônicos para novos mercados e a atrair investimentos que valorizem quem vive e produz na região”, afirma o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. “Esse estudo mostra que é possível gerar riqueza e oportunidades mantendo a floresta em pé, valorizando o conhecimento tradicional, fortalecendo comunidades e conectando a Amazônia aos mercados que mais crescem no mundo. Na COP30 mostramos que o Brasil tem condições reais de liderar a economia verde global”, destaca o presidente.
Realizado pela gerência de Inteligência da ApexBrasil, com o apoio técnico do professor da Universidade de Nova York e pesquisador do Amazônia 2030, Salo Coslovsky, o estudo mapeia 54 produtos compatíveis com a floresta e com grande potencial exportador, divididos em dez categorias – açaí, frutas regionais, castanha-da-Amazônia, café robusta amazônico, cacau, peixes nativos, mel, mandioca, bioinsumos e temperos e especiarias -, e aponta mercados promissores para cada categoria, como Estados Unidos, Canadá, França, Japão, Portugal e Emirados Árabes Unidos.
O estudo também revela forte tendência do consumo global para produtos naturais, orgânicos, veganos e de origens sustentáveis - atributos intrínsecos aos produtos amazônicos. A pesquisa destaca que, a depender do mercado, produtos com essas características podem receber preço até 80% acima da média da categoria, evidenciando o valor agregado da produção sustentável brasileira.
“As castanhas-da-Amazônia, por exemplo, estão totalmente associadas aos apelos ligados à sustentabilidade ambiental e social, assim como o cacau amazônico e os cafés robustas, que são produzidos por agricultores familiares. A gente observa que consumidores em diferentes mercados estão cada vez mais dispostos a pagar mais por produtos de origem única, que destacam responsabilidade ambiental e social, inclusive com remuneração justa para as comunidades produtoras”, destaca o gerente de Inteligência da ApexBrasil, Gustavo Ribeiro.
Para comprovar o potencial da bioeconomia da Amazônia, o estudo apresenta exemplos reais de empresas da região que já atuam no mercado internacional e geram benefícios para a comunidade e o ambiente locais. Um deles é o da Castanha Ouro Verde, cooperativa que exporta castanha-da-Amazônia beneficiada e rastreável, gerando renda para famílias extrativistas e fortalecendo práticas de manejo sustentável. Outro destaque é a marca Na’kau, do Pará, que utiliza cacau cultivado em sistemas agroflorestais, agregando valor à produção local e abrindo espaço para o chocolate amazônico em mercados internacionais de nicho. “Esses e outros casos demonstram que a bioeconomia amazônica já é realidade, e que produtos de base comunitária podem competir globalmente com qualidade”, reforça Gustavo.
O estudo “Produtos Compatíveis com a Floresta: oportunidades globais para a Amazônia Legal” está disponível gratuitamente no portal da ApexBrasil. Para 2026, está prevista a publicação de um segundo volume, no qual serão analisadas frutas tropicais (como abacaxi e guaraná), mel, mandioca, temperos e especiarias, bioinsumos e produtos naturais potencialmente substitutos de plásticos de origem fóssil.
Potencial exportador da região
A Amazônia Legal (AML) engloba 774 municípios, em nove estados, com uma área de mais de 5,1 milhões km², representando quase 60% do território brasileiro. Dados do estudo mostram que, em 2024, os estados que compõem a AML exportaram US$ 62,9 bilhões - cerca 18,7% do total exportado pelo Brasil naquele ano. Estados Unidos (18,5%) e Bolívia (12,9%) foram os principais destinos, seguidos de Venezuela, Vietnã, Alemanha, Paraguai e Colômbia. Já neste ano, no período de janeiro a setembro, as exportações dos estados da AML somaram US$ 50,2 bilhões, apresentando um crescimento de 2,1% em relação ao mesmo período no ano anterior.
Com relação aos 54 produtos selecionados pelo estudo, as vendas externas pelos estados da Amazônia Legal somaram, em 2024, US$ 610,2 milhões, o que correspondeu a 0,1% do total exportado pela região para o mundo. Entre janeiro e setembro de 2025, a AML exportou US$ 470,4 milhões dos produtos selecionados, apresentando um crescimento de 7,2% comparado ao mesmo período do ano anterior.
“Os números mostram uma Amazônia que já tem peso expressivo nas exportações brasileiras, mas cujo potencial está longe de ser plenamente aproveitado”, comenta Jorge Viana. “Nosso desafio é transformar a riqueza natural e a diversidade produtiva da região em oportunidades sustentáveis, capazes de gerar mais renda e empregos para quem vive na floresta”, reforçou.
Exporta Mais Amazônia
A publicação do estudo integra as ações da ApexBrasil para promover exportações sustentáveis e atrair investimentos para os estados da Amazônia. Entre as iniciativas de destaque da Agência para este fim está o programa Exporta Mais Amazônia, que teve a sua terceira edição realizada em outubro deste ano na capital do Acre, Rio Branco.
O Exporta Mais Amazônia atua conectando compradores internacionais interessados em produtos compatíveis com a floresta com produtores da região amazônica para fazer negócios. Na última edição, o evento reuniu 25 compradores oriundos de 18 países com 76 empresas amazônicas de diferentes setores produtivos como açaí, café robusta amazônico, castanha-do-Brasil, farinha de mandioca, frutas processadas, carne bovina, carne suína e artesanato. A programação envolveu 337 reuniões bilaterais que resultaram na expectativa de negócios de R$ 101,5 milhões. Nas duas edições anteriores, em 2023 e 2024, o programa movimentou mais de R$ 85 milhões em negócios para a região.