Na última quinta-feira (10), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), em parceria com a sua congênere finlandesa, Business Finland, realizou a segunda edição do "Women Leading Innovation". O evento aconteceu na sede ApexBrasil, em Brasília, e foi voltado para o debate sobre liderança feminina e o empreendedorismo de inovação e sustentável, fortalecendo a cooperação entre Brasil e Finlândia.
Realizado no âmbito do Memorando de Entendimento assinado por ambas as entidades, que tem como principal objetivo criar espaços para compartilhar conhecimento, experiências e insights transformadores, o evento destacou a importância do papel da liderança feminina na promoção da inovação. A embaixadora da Finlândia no Brasil, Johanna Karanko, abriu o evento e apresentou dados sobre a participação feminina no mercado de trabalho e as políticas de equidade no empreendedorismo de seu país, ressaltando aspectos essenciais nessa caminhada:
“A promoção de políticas que garantam qualidade e acesso à educação para todos é um dos principais pilares da promoção de igualdade de gênero.”
Karanko ressaltou ainda que, apesar dos números bastante positivos em termos de igualdade de gênero apresentados pela Finlândia, ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de paridade salarial e quantidade de mulheres em postos de liderança. Destacou ainda o potencial brasileiro para à inovação e o quanto é importante fomentar o diálogo entre ambos os países para o fomento ao empreendedorismo feminino no setor.
Na sequência, o evento contou com a fala da diretora de negócios da ApexBrasil, Ana Repezza, que celebrou a parceria entre os dois países e destacou o papel do Programa Mulheres e Negócios Internacionais, criado durante sua gestão, para o fomento da ampliação da participação de empresas brasileiras lideradas por mulheres inovação como diferencial competitivo:
"Inovar é uma questão de sobrevivência, tanto no mercado doméstico quanto no contexto internacional. Inovar é essencial no cenário de negócios, e a presença crescente de mulheres nesse mercado cria um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Promover espaços de trocas e debates entre mulheres empreendedoras e inovadoras torna-se, portanto, essencial, e esse é o objetivo desse evento”, destacou Ana Repezza.
Painel: Women Leadng Inovation
Além de criar um espaço de networking, o encontro foi centrado num painel, cujo objetivo central foi promover o debate entre quatro mulheres que ocupam postos de liderança em empresas que possuem a inovação em seu DNA. O painel foi moderado por Heidi Virta, Directora da Business Finland para a America Latina e contou com as palestrantes Ana Paula Cordeiro, Vice-Presidente da ICEYE para a America Latina, Luciane Fornari CEO da Fornari, Iara Mendes CEO da NanoTerra, Marina Barboza, Líder de Inovação da Venturus e participante do Programa “90 Day Finn Program 2024”.
O momento foi marcado pela troca de experiências sobre as jornadas empreendedoras das painelistas, com destaque importante para aspectos em que o gênero teve impacto relevante nessa trajetória.
Luciane Fornari, CEO da Fornari Indústria, lembrou a importância de diálogos, como o do evento, que possam trazer inspiração para outras empresas e mulheres. “Nós precisamos nos inspirar em algo. Às vezes, nós mulheres nos questionamos se temos com o que contribuir, como um processo de auto-sabotagem, mas não podemos ter medo da tecnologia e da inovação”, defendeu.
Ana Paula Cordeiro, vice-presidente da ICEY, empresa finlandesa especializada em monitoramento satelital com tecnologia SAR, também trouxe suas perspectivas sobre o papel da mulher frente à tecnologia e pontuou a importância de políticas ESG quando se trata de inovação:
“A igualdade de gênero ainda não é um movimento socialmente orgânico no Brasil. Por isso, é preciso que a gente se force a agir, que as empresas se forcem a agir para promover o debate sobre a equidade de gênero, para que no futuro, isso se torne orgânico”, destacou Ana Cordeiro.
Para além da indústria de equipamentos, Iara Mendes, CEO da NanoTerra, compartilhou sua experiência no setor de exportação da biomedicina:
”Mesmo que a indústria dos cosméticos tenha um público majoritariamente feminino, as grandes empresas do setor ainda são, em sua maioria, lideradas por homens. É preciso incentivar que outras mulheres tomem a frente do mercado”. Iara destacou ainda o quanto os espaços de networking fazem diferença para que as mulheres se inspirem em outras mulheres: “Apoio e holofote fazem diferença para promover as mulheres. É assim que geramos inspiração umas nas outras.”
Marina Barboza, Head de Inovação da Venturus, trouxe para o debate sua experiência recente com um dos programas da Business in Finland, e como aprendeu durante o período em que esteve imersa no mercado finlandês:
“Há muitos aspectos na cultura finlandesa que me impressionaram de forma positiva e acredito que alguns deles têm impacto significativo na forma como a equidade de gênero já está mais sedimentada na sociedade finlandesa.” Para ela aspectos como ter sido um dos primeiros países a permitir o voto feminino, além de possuir relações de hierarquia no trabalho bastante horizontalizadas, são aspectos que fazem da Finlândia um país onde a equidade de gênero é de fato um dos valores promovidos pela sociedade como um todo.
O debate também contou com interações do público, que pontuou sobre a necessidade de se promover também o debate sobre a igualdade racial, em conjunto com o diálogo sobre a equidade de gênero, e sobre a necessidade de que homens também se empoderem do discurso da equidade de gênero.
Programa Mulheres e Negócios Internacionais
O evento faz parte do programa Mulheres e Negócios Internacionais da ApexBrasil, que visa ampliar a participação feminina em oportunidades comerciais e de investimento internacionais. A agência, além de ações específicas para mulheres, tem incorporado a paridade de gênero em todas as suas atividades, criando mecanismos para aumentar a participação de empresas lideradas por mulheres. Clique aqui para saber mais.
Oportunidades na Finlândia
Atualmente, a Finlândia ocupa a 7ª posição no Global Innovation Index (GII 2024). O ranking avalia o ecossistema de inovação dos países de acordo com 80 indicadores, entre eles, o ambiente político, educação, infraestrutura e criação de conhecimento. Apesar do bom desempenho, o governo finlandês deseja que o país melhore seus índices globais de competitividade e aprovou lei que amplia os investimentos em P&D para 4% do PIB até 2030, partindo do atual patamar de 3% do PIB.
Nesse contexto, o Brasil tem sido considerado um dos países prioritários para a estratégia finlandesa de atração de talentos, conduzida pelo escritório da Business Finland em São Paulo. A desburocratização do processo de concessão de vistos de residência para empreendedores estrangeiros, por exemplo, conhecido como "Startup Permit", é um dos pilares dessa estratégia.
Além disso, a Finlândia oferece vários instrumentos para facilitar a criação, instalação e crescimento de startups e empreendedores no país. O processo de criação e estabelecimento de empresas no país é simples, com vários procedimentos digitais e abundância de informações e serviços de suporte para novos empreendedores, inclusive em inglês. Acesse aqui e confira oportunidades oferecidas pelo governo finlandês.
Parcerias em Crescimento
Desde 2019, a Business Finland mantém um escritório em São Paulo, promovendo parcerias entre os setores privados de Brasil e Finlândia. As áreas de destaque incluem mineração, papel e celulose, telecomunicações e energias renováveis. O site da Business Finland disponibiliza um guia completo para empreendedores, com informações sobre mercados, políticas governamentais, tributação e acesso a financiamento.
