Ações de qualificação e inserção internacional realizadas pela Agência impulsionam produtos brasileiros no mercado global
Há um Brasil que pulsa em suas raízes e que ousa alçar voos. É um Brasil que articula tradição e inovação para conquistar mercados globais. Do campo à mesa, do passado familiar ao presente global: as empresas Dom Tápparo, Solo Rico Fertilizantes e Guimarães Alimentos são exemplos de negócios familiares que ganharam o mundo com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Estas histórias são testemunhos vivos de que a tradição, quando em movimento, é força transformadora. A Dom Tápparo destilou sua herança e encontrou novos sabores em terras distantes; A Solo Rico Fertilizantes colheu frutos do campo e da inovação para nutrir lavouras ao redor do globo e a Guimarães Alimentos transformou os doces da memória em conexões que atravessam oceanos.
Para Rita Albuquerque, coordenadora de Qualificação da ApexBrasil, essas conquistas são apenas o início de um futuro promissor.
O que vemos nessas empresas é a força das novas gerações, que chegam com um olhar global, mas entendem que as tradições não são apenas importantes para sua história – elas têm valor inestimável aos olhos do mundo. É nessa interseção entre raízes e renovação que o Brasil se fortalece como uma potência cultural e econômica, e a ApexBrasil está aqui para mostrar que exportar não é só para os gigantes.
Rita Albuquerque, coordenadora de Qualificação da ApexBrasil
Cachaça com DNA brasileiro: tradição reinventada pela Dom Tápparo
Em cada gole, a doçura da cana, e o fogo que aquece a garganta. Cachaça é mais que bebida, é uma tradição brasileira, que a Dom Tápparo está levando para o mundo. A tradicional bebida brasileira é o espírito de uma herança cultural, uma tradição em movimento, viva, dinâmica e sempre aberta a se reinventar. Essa ideia é o que sustenta a história da Dom Tápparo, uma fábrica de cachaças que, desde 1978, preserva suas raízes enquanto acompanha as exigências da modernidade, sem medo de mudar para melhorar.
A trajetória começa com o patriarca José Tápparo, em Mirassol (SP). Destilar cachaça para consumo próprio e presentear amigos era inicialmente uma paixão pessoal, que logo se tornou uma oportunidade de negócio. Assim se formava o embrião de uma marca que, geração após geração, transformaria a herança artesanal em inovação. Com a segunda geração, liderada por Adelinson e Agna Tápparo, vieram os primeiros passos de diversificação, ampliando a linha de produtos com licores e coquetéis à base de cachaça. Já na terceira, chefiada por Bruno Giovani Tápparo, que hoje é presidente de negócios internacionais, a marca passou a dialogar com o mercado global, aprimorando embalagens, firmando parcerias com artistas e ampliando sua distribuição para todos os estados do Brasil e diversos países.
O projeto de internacionalização, iniciado em 2017, na participação no Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), levou a cachaça brasileira a mercados como Europa, Estados Unidos e Índia, mostrando que tradição e modernidade podem e devem andar de mãos dadas.
João Firmino, Diretor de exportação da empresa, destaca a importância da presença em feiras internacionais, como a Summer Fancy Food, feira que ocorre anualmente em Nova York, da qual participou com apoio da ApexBrasil.
A exposição é muito boa para os produtos. Lá fora o pessoal não conhece cachaça, já associa a caipirinha brasileira automaticamente. A gente tem cachaças envelhecidas que são produtos de extrema qualidade que competem com os melhores whiskies do mercado.
João Firmino, diretor de Exportação da Dom Tápparo
O executivo também destaca que quer ir além do "mercado da saudade", um nicho que atende a consumidores imigrantes ou descendentes que buscam produtos que remetam à sua cultura e raízes. "A gente não quer ficar só no mercado da saudade, a gente quer vender e focar no mercado internacional", afirma, refletindo a intenção de expandir sua presença globalmente. Para 2025, seus planos incluem fortalecer a marca no Brasil, participar de feiras internacionais, encontrar os importadores ideais e abrir novos mercados no exterior.
"A gente acredita muito no produto e na sua qualidade e, com os prêmios que nós ganhamos em 2022, 2023, 2024 nos maiores concursos de destilado do mundo, o The Global Spirit Master, também acreditamos muito na cachaça e sabemos que o potencial dela é gigante", percebe Giovanni Tápparo. Hoje, a Dom Tápparo é um exemplo vivo de como a tradição pode se modernizar sem perder sua essência. Produzindo 2 mil litros por hora, com uma das maiores estruturas de envelhecimento de cachaça em madeiras nobres do país, a empresa não apenas honra sua história, mas também conquista espaço ao lado dos melhores destilados do mundo.
A "tradição em movimento" da Dom Tápparo vai além de suas garrafas: está na forma como une respeito às raízes a uma constante reinvenção.
De pequenas sementes a grandes colheitas: a trajetória internacional da Solo Rico
Há 34 anos, a Solo Rico surgia como uma empresa familiar de fertilizantes. Ao longo dos anos, desenvolveram uma proposta inovadora: aprimorar a agricultura por meio de tecnologias. Desde então, com um propósito bem estabelecido, o que começou como um pequeno negócio no Brasil se transformou em uma sólida indústria de fertilizantes, com presença consolidada no mercado nacional. Nos últimos anos, deram início a expansão internacional, se tornando um case de sucesso internacional. Afinal, como diz o provérbio africano, “a colheita depende da semente que foi plantada.”
Com mais de 90 produtos no portfólio, incluindo fertilizantes líquidos, protetores solares para plantas e gel de plantio que retêm água em períodos de seca, a Solo Rico conquistou mercados ao redor do mundo, adaptando-se e personalizando soluções para cada país.
A transição para o mercado internacional começou há apenas quatro anos, repleta de aprendizados. Segundo Gabriel, Gerente de Exportação da Solo Rico, o desejo de exportar parecia um sonho distante para a diretoria.
Tínhamos qualidade, tecnologia e preço competitivo, mas a ideia de exportação ainda era vista como algo impossível. Foi com o apoio do programa PEIEX, da ApexBrasil, que a empresa encontrou, em meados de 2020, as ferramentas e o suporte necessários para iniciar sua jornada de exportação.
Gabriel Dias, gerente de Exportação da Solo Rico
Participações em feiras internacionais, como a realizada em Maputo, Moçambique e na África do Sul, em rodadas de negócios organizadas pela ApexBrasil, contando com o suporte de embaixadas e câmaras de comércio, que facilitaram a prospecção e consolidação de novos mercados. “Estar no pavilhão Brasil, junto com outras empresas, foi uma experiência enriquecedora. Lá, encontramos parceiros locais que abriram as portas para nossos produtos”, destaca Gabriel.
Hoje a empresa exporta para mercados latino-americanos, como Paraguai, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Chile e México, e também para a África, atuando em países como Moçambique, África do Sul, Tanzânia.
Amendoim, açúcar e sal: como a Guimarães Alimentos chegou a Paris
Há quatro décadas, a família Guimarães sustenta a tradição familiar de adoçar o dia a dia de seus clientes com doces artesanais feitos à base de amendoim. Em 2024, a Guimarães Alimentos chegou à maior feira de alimentos da Europa, a SIAL Paris. No pavilhão organizado pela ApexBrasil, em outubro deste ano, a empresa gaúcha apresentou sua linha de paçoquinhas, pastas de amendoim e outros doces que carregam a essência da cultura brasileira.
Fundada em 1982, a história da Guimarães começou com a produção artesanal de rapadura. Em pouco tempo, a pequena operação familiar cresceu e deu origem a uma indústria dedicada a produtos à base de amendoim. A empresa precisou apenas de três ingredientes: amendoim, açúcar e sal, para consolidar o sucesso das paçoquinhas e dos pés de moleque, que hoje alcançam o mercado da saudade em países como os Estados Unidos e membros da União Europeia. O chamado mercado da saudade, com público-alvo de brasileiros que não moram mais no Brasil, exige muito de doces como os da Guimarães Alimentos, que relembram nossas origens e dão um gostinho de casa. Mas para a empresa, participar da SIAL mudou a jornada exportadora da Guimarães.
“Um novo olhar e um novo posicionamento de mercado”. É assim que Mariana Guimarães, Gerente de Comunicação e Marketing da Guimarães Alimentos, define a experencia da SIAL Paris 2024. A filha de Saul explica que as negociações feitas na feira ainda estão em andamento porque são recentes, mas a oportunidade abriu as portas para exportação de uma forma segura e inesperada para a Guimarães. “Em uma experiência como essa você aprende a comunicar de maneira assertiva e se vê em um programa com uma percepção de valor de mercado madura” relembra Mariana sobre os dias na França.
No pavilhão Brasil também houve casos de trocas significativas para as mais de 80 empresas que estavam expondo seus produtos em Paris. Como exemplo disso, a Guimarães Alimentos se conectou com a Açaí Amazonas. Ambas começaram a pensar um caminho de expandir dois produtos brasileiros juntas. "Nos conhecemos durante a SIAL e logo nesse primeiro contato os clientes deles estavam interessados na nossa farofa de paçoca, ou seja, a Açaí Amazonas já conectou a Guimarães diretamente com os clientes deles”. Afirma Mariana, ressaltando também que esses são arranjos iniciais, mas muito promissores para expansão internacional da indústria.
A jornada exportadora da empresa não é de hoje, mas, com a ApexBrasil, já está alçando voos ainda mais altos. Mariana conta, ainda, que a Guimarães não esperava e nem imaginava que a empresa gaúcha do interior estaria na maior feira de alimentos da Europa em 2024.
Entrar em tantas negociações certamente não era algo planejado para este ano. Poder ter essa conexão, essa oportunidade de chegar traz muito orgulho para minha família e minha cidade, a gente fica muito feliz e realizado.
Mariana Guimarães, gerente de Comunicação e Marketing da Guimarães Alimentos