Integridade da informação é tema do segundo episódio do Apexpod, lançado em 14 de abril nas principais plataformas de áudio e no YouTube
A nova temporada do Apexpod, o podcast da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), segue firme no debate sobre integridade nos negócios. No episódio lançado nesta segunda-feira, 14 de abril, o tema central foi a integridade da informação, uma pauta urgente diante do crescimento da desinformação e do impacto das notícias falsas sobre a imagem de empresas, pessoas e setores econômicos.
O segundo episódio da temporada “Integridade faz bem aos negócios” trouxe para a roda de conversa especialistas no combate à desinformação e na promoção da confiança no ambiente digital: João Brant, secretário de Políticas Digitais na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e Cristina Tardáguila, jornalista e fundadora da Agência Lupa, organização especializada em jornalismo fact checking. Participaram ainda Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil, e Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com um case sobre os riscos e consequências das fake news para a imagem do setor agrícola brasileiro.
Diferencial competitivo
Abrindo o episódio, Ana Paula Repezza destacou o compromisso da ApexBrasil em fornecer dados seguros e confiáveis às empresas brasileiras que desejam internacionalizar seus negócios. “O que é um bom conjunto de informações? São informações de fontes confiáveis, de fontes diversas. Pois você precisa ter uma contraposição entre uma fonte e outra, e informações que sejam úteis para aquele contexto em que a gente está se propondo a atuar, que é levar mais empresas brasileiras, mais produtos brasileiros para os mercados globais, atrair mais investimentos estrangeiros para o país”, afirmou.
A diretora também destacou que, nos últimos anos, o Brasil passou a ser alvo de desinformação relacionada à Amazônia e ao agronegócio. “A gente tem situações, por exemplo, em que alguns consumidores de países desenvolvidos entendem que ‘temos que barrar os produtos do agronegócio brasileiro porque a cana-de-açúcar é plantada na Amazônia’ ou ‘o gado é criado em áreas desmatadas’, e isso não é verdade”, defendeu, ressaltando que esse tipo de desinformação “é uma forma de gerar barreiras protecionistas baseadas em dados não concretos e não corretos sobre o Brasil”.
Alerta sobre a desinformação
João Brant ressaltou que o principal impacto da desinformação é a quebra da confiança: “na confiança um nos outros, e na confiança na nossa capacidade, como sociedade, de se entender”, disse. Segundo ele, a desconfiança gerada por informações falsas compromete pilares fundamentais, como o sistema eleitoral, a saúde pública e o mercado financeiro. “A palavra confiança é a antítese da desinformação”, afirmou.
O secretário de Políticas Digitais da Presidência da República alertou que é preciso enxergar os fatos sob o mesmo ângulo para, então, que se tenha diferentes opiniões sobre eles. “Quando a gente não consegue se acertar nem em relação a quais são os fatos, isso desorganiza completamente a nossa capacidade de viver de maneira, eu diria, pacífica, buscando o bem comum”, refletiu. No debate, ele defendeu maior responsabilização das plataformas digitais e o equilíbrio entre liberdade de expressão e proteção de direitos: “Reputação se demora anos para construir e se destrói em dias ou em horas”.
A jornalista Cristina Tardáguila trouxe a perspectiva prática do jornalismo de checagem e destacou os desafios diários no combate à desinformação. Ela falou sobre o excesso de conteúdo enganoso e o número reduzido de checadores no Brasil. “Vai sobrar conteúdo que é falso, enganoso, que promove ódio, que a gente não vai ter braço para fazer”, enfatizou. Para ela, é urgente formar um “exército, com muitas aspas”, com médicos, empresários, dentistas, bombeiros – cada um contribuindo da forma que puder para combater a desinformação.
Ela defendeu ainda um maior investimento em educação midiática como um caminho mais efetivo. “A bala de prata para a desinformação é botar as pessoas na mesma página, ensinar para elas que a cada conteúdo que ela está vendo, ela tem que perguntar o que, quando, onde, como, por que”, disse. “A gente precisa que crianças aprendam a checar imagens, usar ferramentas como Google Reverse e identificar fontes confiáveis”, completou.
O caso do algodão brasileiro
O episódio também apresentou um exemplo de como a desinformação pode afetar um setor inteiro. Em 2024, o Brasil se tornou o maior exportador de algodão do mundo, mas enfrentou uma grave crise reputacional após acusações falsas de desmatamento e grilagem feitas por uma ONG britânica contra grandes produtores do país.
Marcelo Duarte, da Abrapa, falou sobre os riscos de denúncias infundadas e sobre o esforço conjunto para solucionar questão. “Infelizmente, muito do que circula na internet é tomado como verdadeiro pelos nossos bancos, nossos financiadores, nossos clientes, então uma desinformação hoje pode causar perda de confiança. Ela pode causar redução das nossas vendas, prejuízos financeiros e danos morais irreversíveis”, alertou. Ele recomendou que empresas estejam preparadas para reagir a ataques, com organização, planos de crise, monitoramento constante e documentação em dia.
Sobre a temporada do Apexpod
Com apresentação de Aarão Prado e Deborah Fortuna, a nova temporada do Apexpod aborda, ao longo de quatro episódios, como ética, transparência e confiança impactam diretamente a reputação, o crescimento e a internacionalização das empresas brasileiras. Os próximos episódios abordarão temas como cidades sustentáveis e a confiança como elemento-chave para relações comerciais sólidas. A iniciativa é da gerência de Integridade e Compliance da ApexBrasil.
Criado em 2024, o Apexpod já alcançou quase 1 milhão de visualizações em sua primeira temporada. De forma leve e dinâmica, especialistas no assunto trouxeram suas análises e empresas exportadoras compartilharam suas experiências.
Para ouvir o novo episódio completo e todos os outros, acesse: Spotify; Apple; Amazon; YouTube; YouTube podcast.