Mostra de curtas abordas temas de ancestralidade, resistência, identidade
A Semana da Mulher, promovida pelo Pavilhão Brasil, organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), teve o segundo Diálogo denominado “Creative Economy - Women in Audiovisual”. O evento destacou o trabalho de mulheres cineastas.
Dentro dessa ampla programação, o Programa Mulheres e Negócios Internacionais, em parceria com o Instituto+Mulheres – Lideranças do Audiovisual Brasileiro, a APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negros e a Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, trouxe para a Expo 2025 Osaka uma curadoria inédita da cineasta Tata Amaral. O evento foi no dia 25 de agosto.
Houve mostra de filmes dirigidos por mulheres de diferentes origens e regiões do Brasil, abordando temas como identidade, ancestralidade, território, resistência e memória. A Diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, enalteceu a importância da produção feita por mulheres e para mulheres.
A iniciativa reafirma a força e a relevância das mulheres brasileiras no cenário internacional, promovendo diálogos interculturais e oportunidades de negócios para o setor audiovisual.
As cineastas que integram a curadoria representam a potência do audiovisual brasileiro contemporâneo:
Barbara Matias Kariri - é coordenadora da Rede Audiovisual Katahirine para Mulheres Indígenas da América Latina e membro do conselho da Associação Brasileira de Roteiristas (ABRA). Barbara é doutora em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro Poesia da Terra (2024).
Safira Moreira - Nascida em Salvador em 1991, Safira Moreira é fotógrafa, diretora e roteirista. Seu primeiro longa-metragem, Cais (2025), ganhou diversos prêmios no Olhar de Cinema (Melhor Filme – Júri Oficial, Escolha do Público e Prêmio da Crítica ABRACCINE) e foi exibido em festivais como Guadalajara (México) e BlackStar (EUA). O filme foi financiado por instituições como o Fundo Sundance de Documentários, RUMOS Itaú Cultural e Fundo Avon. Sua obra explora temas como memória, ancestralidade, tempo e sonhos. Safira se formou em Cinema pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro e em Artes Visuais pelo Parque Lage (Rio de Janeiro). Dirigiu o curta-metragem Travessia (2017), premiado em diversos festivais e exibido na abertura do Festival de Roterdã. Em 2022, dirigiu o curta Alágbedé, exibido no Festival de Cinema É Tudo Verdade, e Da Pele Prata, lançado este ano no Panorama Coisa de Cinema.
Tata Amaral - é uma renomada cineasta brasileira com uma carreira marcada por quase 100 prêmios e indicações. Produz, escreve e dirige filmes de ficção e documentários, além de séries, curtas-metragens e médias-metragens. Sua produção cinematográfica abrange gêneros como suspense, humor e drama musical. Tata é celebrada por sua capacidade de alcançar sucesso de bilheteria e aclamação da crítica por seu trabalho profundamente pessoal e autoral. Sua vasta experiência e voz única no cinema brasileiro consolidaram sua reputação como uma das cineastas mais influentes e versáteis do país.
Organizações parceiras
Katahirine – Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas foi criada para dar visibilidade ao cinema feito por mais de 80 mulheres indígenas, simbolizando conexão e protagonismo, além de promover debates e fortalecer a luta por direitos.
APAN – atua para fomentar e valorizar produções lideradas por pessoas negras e promover a inclusão no mercado.
Instituto+Mulheres - é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua para ampliar as oportunidades para mulheres no setor audiovisual, reunindo lideranças de produtoras, distribuidoras, festivais e instituições de ensino, além de ser signatária da Carta de Apoio à Equidade de Gênero da ApexBrasil.
Filmes Selecionados
Título: O Que Me Leva Não É Mercadoria de Bolso (2022) – Barbara Matias Kariri (Ceará)
Uma docuficção biográfica que narra, por meio de elementos simbólicos, a experiência da migração da artista indígena para contextos urbanos e suas reflexões sobre opressões cotidianas e cultura ancestral.
Comentário de Barbara sobre o filme durante apresentação no Pavilhão Brasil: “É uma forma de documentar o tempo e conversar com o não indígena e partilhar sobre a violência que invade território indígena e a beleza de nossas culturas, sendo um exercício de reeducação do imaginário brasileiro”.
Título: Preconceito (2021) – Olinda Yawar Tupinambá (Bahia)
Uma performance de dança e música que explora o corpo indígena como território. Aborda a violência e o preconceito enfrentados pelos povos originários.
Título: OONI (2021) – Lilly Baniwa e Naiara Alice Bertoli (Amazonas)
Um documentário que tece uma narrativa poética sobre a resistência e os modos de vida da comunidade de Itacoatiara-Mirim, inspirado no significado de "água" na língua Baniwa.
Título: Antônia (2006) – Tata Amaral (São Paulo)
Um longa-metragem de ficção sobre quatro jovens da periferia de São Paulo que lutam pelo sonho de viver da música. Este filme inspirou a série homônima indicada ao Emmy. Um teaser do filme será apresentado durante o evento.
Comentário de Tata durante apresentação no Pavilhão Brasil: “Primeiro filme da história foi exibido numa feira e aqui estamos numa feira também. Estamos aqui porque ApexBrasil apoiou, sendo uma instituição que fala de exportação, mas fala também de mulheres e diversidade”.
Título: Travessia (2017) – Safira Moreira (Bahia)
Curta-metragem que investiga o apagamento histórico da população negra brasileira, retratado por meio de fotografias de arquivo. Inspirado no poema Vozes Mulheres, de Conceição Evaristo.
Comentário de Safira durante apresentação no Pavilhão Brasil: “Essa produção vem do desejo de criar memória porque minha família tinha pouco registro de fotos. Era inimaginável dedicar dinheiro da família para isso”.
Título: Nascente (2023) – Safira Moreira (Bahia)
Curta-metragem que explora memória, afeto e identidade negra, entrelaçando imagens e poesia.
Título: A Velhice Ilumina o Vento (2023) – Juliana Segovia (Mato Grosso)
Um teaser de um longa-metragem de ficção sobre Valda, uma idosa negra de Cuiabá, que desafia os estereótipos da velhice em seu cotidiano.