Encontro buscou fortalecer rede de diversidade e aumentar a participação feminina na área da Propriedade Intelectual
Nessa quinta-feira (29/02), no Rio de Janeiro, ocorreu o 2º Seminário Internacional de Mulheres em Propriedade Intelectual, organizado pela Rede IP Female em parceria com a Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço), OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), entre outras organizações relevantes do ecossistema. Evento reuniu lideranças femininas de diversos setores, como do empreendedorismo, marketing, tecnologia que trabalham com a perspectiva da propriedade intelectual.
A inovação e a criatividade humanas são os propulsores do progresso e transformaram o mundo por meio do poder de sua imaginação. No entanto, as mulheres permanecem sub-representadas em muitas áreas de uso da propriedade intelectual (PI). Seu potencial inovador é subutilizado, o que limita não só o desenvolvimento individual, mas social. Segundos dados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) , em 2022, apenas 16% das patentes registradas no mundo foram realizadas por mulheres.
“Muito além do mero compartilhamento de informações, a rede gera um compromisso entre mulheres e, assim, ganhamos força como movimento e descontruímos crenças limitantes. Essa é a importância da Rede IP Female e desse encontro”, afirmou Rafaela Guerrante, coordenadora do Comitê Estratégico de Gênero, Diversidade e Inclusão (CEGDI) do INPE, na abertura do Seminário.
Já a secretária de Competitividade e Política Regulatória do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Andrea Macera, destacou as barreiras que uma cultura organizacional masculina cria para as mulheres. “Para superá-las, as redes de apoio entre mulheres são fundamentais”. Além disso, destacou que o programa Elas Exportam, realizado pelo MDIC em parceira com a ApexBrasil, e que está com inscrições abertas até o dia 10/03 (confira nesse link), contempla mentoria em propriedade intelectual, entre outros temas.
Empoderamento e Desenvolvimento
A propriedade intelectual é um fator determinante para o desenvolvimento socioeconomico. Um país, para aumentar a sua competitividade, precisa criar um ambiente de negócios que proteja a inovação. Da mesma forma, a propriedade intelectual é um fator de acesso e competividade para as empresas no mercado internacional, tema que foi abordado pela representante da ApexBrasil no evento, Maira Rodrigues.
Segundo a analista de negócios internacionais, “os esforços da Rede IP Female estão alinhados com os objetivos do Programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI), lançado pela ApexBrasil em 2023. “Queremos aumentar o número de empresas lideradas por mulheres nos negócios internacionais e o desenvolvimento de competências para utilização dos ativos de propriedade intelectual, em atendimento a questões regulatórias de um determinado país ou como diferenciais de um determinado produto, é essencial para impulsionar o empreendedorismo feminino ao mercado exterior.
O programa nasceu do compromisso da ApexBrasil com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5) e o diagnóstico de que as mulheres são sócias majoritárias de apenas 14% das empresas brasileiras exportadoras, segundo relatório do MDIC. Para mudar essa realidade, o MNI quer inspirar, qualificar e apoiar empreendedoras, com a meta de, até 2026, pelo menos metade das empresas apoiadas pela ApexBrasil seja liderada por mulheres.
Mulheres de todo o Brasil
No painel sobre Disparidades Regionais, Maria Claudia Nunes, membro do Comitê Executivo da Rede IP Female, procurou aprofundar o debate sobre os ativos de propriedade intelectual e como eles podem beneficiar mulheres de diferentes regiões do país. “As pessoas conhecem poucas formas de propriedade intelectual, normalmente marca e patente, mas, além dessas, a denominação de origem, a indicação geográfica e conhecimentos tradicionais podem promover o desenvolvimento. E cada um desses ativos atende melhor uma região. Alguns estados vão se destacar por patentes e outros por indicação geográfica”, contou.
Grande parte do repertório intelectual a ser protegido é produzido por mulheres. Segundo dados do IPEA, as mulheres são maioria nos cursos de doutorado no Brasil, mas, para além dos conhecimentos a serem protegidos por patente, muito das indicações geográficas e do patrimônio cultural é produzido por mulheres.
Daniela Furtado, conselheira da OAB/Amapá, reforçou a necessidade de um olhar regionalizado e sublinhou a importância das mulheres na disseminação do conhecimento sobre propriedade intelectual no Amapá. “O conhecimento que tínhamos que buscar no Sul e Sudeste não era suficiente para abarcar nossos desafios. Aqui, no Norte e Nordeste, nós tínhamos que lidar com questões de acesso a biodiversidade, com patrimônio genético, bioeconomia e comunidades tradicionais”, disse.
Iniciativas como a Rede IP Female e programas como o Mulheres e Negócios Internacionais da ApexBrasil buscam apoiar mulheres empreendedoras, promovendo o empoderamento feminino e o aproveitamento de todo seu potencial para o desenvolvimento socioeconômico.
Participe
No dia 18 de março, ApexBrasil celebrará um ano do Compromisso de Equidade de Gênero em evento em São Paulo. A cerimônia será realizada em parceria com a Folha de São Paulo e contará com a presença do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, e da diretora de negócios da Agência, Ana Paula Repezza, do diretor de Gestão Corporativa, Floriano Pesaro, entre outras autoridades.
São 250 vagas para participação presencial, preenchidas por ordem de inscrição, e o evento também contará com transmissão ao vivo. As inscrições estão disponíveis aqui.