Fórum Empresarial marca início de uma nova fase na relação entre Brasil e Chile, afirma o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana
Em evento com mais de 500 empresários e empresárias brasileiros e chilenos, os presidentes Lula e Boric reforçam a relação histórica e apontam novas direções para a parceria dos países
Com a presença do presidente Lula e do presidente do Chile, Gabriel Boric, foi encerrado o Fórum Empresarial Chile-Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que “estamos para começar uma nova fase na relação entre os dois países” e enfatizou o anúncio de R$ 82 bilhões em investimentos a serem realizados e que levarão a uma nova escala a parceria entre as nações sul-americanas.
Em sua 11ª missão presidencial com realização de um fórum empresarial, o presidente Lula afirmou que sempre faz questão de levar a maior quantidade de empresários possível, “porque o que os presidentes fazem é abrir as portas, mas quem sabe negociar são os empresários”. Para isso, a ApexBrasil tem desempenhado papel fundamental. “Se no começo do meu governo a gente criou a Apex como esperança, hoje a Apex é uma coisa de muito sucesso no Brasil e nós fazemos questão de viajar sempre que possível e trazer a Apex”, disse o presidente da República.
Lula relatou que, desde o início de seu primeiro mandato, tinha o sonho de ver a integração da América do Sul — com a certeza de que a solução para diversos problemas e para o sucesso do país poderia estar perto do Brasil. “Essa visita de estado ao Chile representa a renovação de uma parceria fundamental para a América do Sul”, declarou. Como evidência do fortalecimento da aproximação entre os países, foram anunciados 19 acordos que visam solidificar os esforços conjuntos em termos econômicos, comerciais e sociais.
Mas “ainda é pouco”, alertou o presidente do Brasil. Entre as ambições e discussões a serem exploradas com o Chile, incluem-se temas como agricultura, transição energética, turismo, finanças sustentáveis e trabalho. “Nossa parceria é mais do que uma escolha, é uma política de estado que se sobrepõe a fatores conjunturais e mudanças circunstanciais. O sucesso desse encontro confirma o consenso em torno de um projeto de integração que garantirá um futuro próspero, mais justo e sustentável para todos nós”, concluiu.
Em sequência, o presidente chileno, Gabriel Boric, argumentou que “hoje somos mais próximos que ontem” e que os acordos e frutos deste encontro entre os países vão se prolongar no tempo, firmando “uma nova era de relações”. Boric enfatizou que os negócios vão além de dinheiro e, historicamente, são o meio pelo qual as culturas se espalham e os povos se encontram, gerando troca de aprendizados.
O presidente do Chile ponderou que, além de fluxos comerciais de sucesso, o Brasil e o Chile compartilham algo de luxo: valores. Assim, o objetivo maior dos acordos e parcerias deve ser avançar e melhorar as condições das populações. “Temos grandes oportunidades para fortalecer nossa cooperação para que nossas palavras não sumam com o vento. (...) Juntos, chilenos e brasileiros, podemos encontrar uma oportunidade para que essa relação histórica dê frutos concretos que melhorem a qualidade de vida de nossos povos”, finalizou.
Mostrando a força da parceria já concretizada entre Brasil e Chile, Jorge Viana apontou que a Agência possui 19 projetos setoriais com foco no mercado chileno. O presidente da ApexBrasil, em consonância com Lula e Boric, também demonstrou que a aproximação de ambos os países vai além dos negócios com uma citação: “A proximidade do Brasil e Chile aproxima a memória de Pablo Neruda da memória de Jorge Amado, a memória de Victor Jara da memória de Caetano Veloso, a memória de João Goulart da memória de Salvador Allende”. Ainda como símbolo da relação centenária, uma curiosidade histórica apontada por Jorge Viana: a primeira rua do Brasil foi implantada em Salvador, com o nome de “Rua Chile”.
Anúncio de investimentos
O Fórum Empresarial Chile-Brasil contou com uma programação intensa para os mais de 500 representantes de empresas e de instituições públicas e privadas. Ao longo do dia, foram realizados painéis com a presença de especialistas que discutiram temas centrais para o avanço das relações econômicas e comerciais entre os dois países.
Ao fim do dia, foi feito um anúncio histórico: R$ 82 bilhões em investimentos bilaterais. Confira como será a distribuição:
- Enel: multinacional italiana que opera em geração, distribuição e comercialização de eletricidade e gás, anunciou investimentos até 2026 de cerca de R$42 bilhões na América Latina, com R$20 bilhões para o Brasil e R$12 bilhões para o Chile;
- CMPC: multinacional chilena que investirá R$24 bilhões para a instalação de planta industrial de celulose em Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul. O projeto gerará 12 mil empregos durante as obras e 1,5 mil na operação. Este é o maior investimento chileno no exterior na história do país;
- Arauco: multinacional chilena que investirá R$15 bilhões para instalação de fábrica de celulose em Inocência, no Mato Grosso do Sul. O projeto terá capacidade para produzir 7,7 milhões de toneladas de celulose por ano a partir de 2028;
- Latam: a empresa investirá no Brasil mais de R$11 bilhões nos próximos 2 anos, além de analisar, atualmente, a aquisição de aeronaves da Embraer. Anunciou, ainda, nova linha aérea Fortaleza-Santiago, com voos a partir de novembro de 2024;
- Stefanini: a empresa brasileira de tecnologia, com clientes em mais de 100 países, vai investir mais de R$275 milhões no Chile em novas aquisições e em um centro de inteligência artificial;
- ENAP e Neuman & Esser: a fabricante alemã de geradores de hidrogênio verde, Neuman & Esser, exportará para o Chile equipamentos fabricados no Brasil, no valor aproximado de R$53 milhões, destinados à instalação no Chile de uma planta-piloto de hidrogênio verde da estatal chilena ENAP.
Foto: Ricardo Stuckert / PR