Peças de sete empresas brasileiras diferentes, com cores vibrantes, produtos de qualidade e muito conforto cativaram uma audiência de centenas de pessoas no terceiro dia da exibição
O desfile de moda foi uma das atividades mais esperadas da programação Casa Brasil Israel, uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Embaixada do Brasil em Israel. Atração inédita nas Casas Brasil realizadas até então, o show foi uma oportunidade de sete empresas apresentarem para o público israelense o melhor do estilo brasileiro.
Maiôs, biquinis, saídas de praia, vestidos, blusas, calçados e bijuterias compuseram um show de cerca de 30 minutos, que aconteceu no final do dia 6 de setembro. A passarela atraiu tanto o público geral como jornalistas e empresários locais. No total, quase 800 pessoas visitaram a exposição no dia.
A ideia do desfile surgiu quando se verificou que das cerca de 40 empresas engajadas no projeto Casa Brasil Israel, sete eram de moda. A iniciativa foi abraçada pela Embaixada. “Foi um exercício de complementação a tudo que ApexBrasil já vem fazendo. A embaixada viu o show como uma forma de complementar”, conta Daniel Guimarães, diplomata que se encarregou da organização da apresentação.
O evento foi produzido por um estilista israelense, e a seleção das modelos seguiu critério comum compartilhado entre Brasil e Israel: a diversidade. Meninas de múltiplas etnias cruzaram a passarela, para representar as populações dos dois países, que têm como característica fundamental a imigração. “Essa diversidade é uma semelhança que nós temos com os israelenses, e é importante trabalhar esse aspecto para que eles se identifiquem com a cultura do nosso país”, confirma Guimarães.
O intuito da Casa Brasil é mostrar o quão inovadores, criativos e de qualidade são os produtos brasileiros. No desfile, as três marcas de moda praia, as duas de calçados e a de bijuteria não deixaram dúvidas do diferencial tupiniquim. As empresas selecionaram peças coloridas, com cortes modernos, bordados e padronagens exclusivas, sem deixar de fora o conforto, uma prioridade para o consumidor israelense.
Das praias brasileiras direto para o calçadão de Tel Aviv
Apesar de Israel ser um mercado relativamente pequeno, quando se trata de biquínis, eles são grandes importadores do Brasil. Em 2021, o país foi o terceiro destino de biquinis brasileiros, correspondendo a 3,1% do total exportado.
A importância de Israel para o comércio de moda praia atrai exportadores brasileiros de diferentes graus de maturidade. A marca Celeste, por exemplo, nasceu há menos de um ano, em dezembro de 2021, e já aproveitou a Casa Brasil para dar o pontapé inicial nas vendas internacionais. A empresa participou do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) em Uberlândia, quando detectou o potencial do mercado israelense para sua marca.
“Foi muito aprendizado até chegar até aqui e agora também uma grande bagagem. É tudo muito novo”, conta a dona da marca, Juliana Spirandelli. Mesmo sendo a primeira experiência internacional da Celeste, o público israelense está demonstrando alto interesse pelas peças expostas. “Já sentimos que, se nosso produto estiver em algum ponto de venda aqui, vai ter uma boa aceitação”, afirma Spirandelli.
Os biquínis, maiôs e quimonos selecionados pela empresa levam um pouquinho do Brasil para Israel. Coloridos e com estampas exclusivas e alegres, eles revelam as referências brasileiras da marca. Além disso, um dos pilares da Celeste, a sustentabilidade, pode ser um diferencial no mercado. Os produtos são feitos com um tecido que reaproveita garrafas PET, o que, segundo Spirandelli, ainda não é recorrente no país.
Já a marca Lybethras, que também apresentou produtos de moda praia no desfile, é veterana em exportações. Desde 2010, a empresa exporta em um marketplace norte-americano, com ajuda do Escritório da ApexBrasil Miami, e já vendeu para 26 países diferentes, na Europa e nas Américas. Agora, o objetivo é conquistar os consumidores israelenses.
Inicialmente, a dona da marca, Luciana Martinez, tinha pensado em exibir peças mais “comportadas”, mas após conhecer as praias de Tel Aviv, percebeu que as israelenses vestem diversos tipos de modelos. Por isso, a aposta dela foi apresentar diversos cortes, com foco na qualidade das peças, mirando o mercado de luxo. “Aqui é um bom mercado para isso. A gente tem muita coisa feita a mão, cortada a laser, todos os trabalhos bem diferenciados”, destaca.
Feito à mão
Outra empresa que marcou presença no evento foi a Círculo, que produz fios e linhas para trabalhos manuais. A proposta da marca é oferecer os insumos da melhor qualidade para que os clientes produzam suas próprias peças. No desfile, vestidos e blusas de tricô e crochê feitos à mão brilharam na passarela.
Com forte presença internacional, os produtos da Círculo já estão disponíveis em armarinhos israelenses há pouco mais de um ano. O objetivo da empresa, contudo, é adensar a parceria, tornando-se fornecedora da indústria local. Um nicho identificado pela marca foi o de produção de quipás, tradicional boina utilizada pelos homens judeus, geralmente feitas de crochê.
“Nós estamos aqui em Israel na Casa Brasil, organizada pela ApexBrasil, para promover a nossa marca. É um mercado estratégico não só pelo tradicionalismo, mas também porque é um público que procura por qualidade. Então eles pagam às vezes um pouco mais por um produto melhor”, relata o representante da Círculo, Kelvin Spiss.
Não saem do pé das israelenses
Os calçados também foram destaque no show na Casa Brasil Israel. Os sapatos de duas grandes marcas brasileiras, a Usaflex e a Grendene, compuseram os looks das modelos. A Usaflex, que entrou no mercado israelense no modelo de franquias, hoje tem três lojas exclusivas da marca, após cinco anos de inserção local.
O casal Michel e Leah El Mann, que representa a marca em Israel, explica que o conforto é o fator diferencial no sucesso da Usaflex no país. “A gente identificou que no mercado israelense tinha uma falta de produtos que trouxessem conforto e moda juntos. Aqui as israelenses são muito ligadas a conforto, menos suscetíveis às tendências de moda”, explica Leah. Outro aspecto importante para a entrada da marca é o preço competitivo. “Nosso produto de couro muitas vezes chega mais barato do que o de concorrentes sintéticos”, conta Michel.
Agora que a marca já é conhecida em Israel, o objetivo é aumentar o número de lojas da franquia em shoppings. Nos mercados cosmopolitas do país, o Brasil já uma referência quando se fala em calçados de qualidade. Leah e Michel contam que utilizam a bandeira brasileira em todas as suas comunicações visuais, e na medida em que os concorrentes perceberam essa estratégia, passaram a utilizá-la também. “O shopping está cheio de bandeiras do Brasil!”, relatam.
Outras marcas que também brilharam no desfile na Casa Brasil Israel foram a Via Sol, de moda praia, e a Capim Dourado, de bijuterias.
CASA BRASIL
A Casa Brasil é um evento exclusivo e independente, de alto impacto para a promoção da imagem dos setores produtivos do Brasil no exterior, em mercados escolhidos com base em dados de inteligência comercial. Trata-se de uma vitrine de conhecimento acerca do Brasil, conceitos e tendências brasileiras, utilizando expografia e interatividade, com design, inovação, apelo à brasilidade e à sustentabilidade, com produtos de alto valor agregado.