Brasília recebeu nesta segunda-feira (25) o Fórum Empresarial Brasil-Nigéria. O evento foi realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), com parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e reuniu cerca de 370 participantes dos setores de agronegócio, aviação, energia, saúde e inovação dos dois países. Além de painéis setoriais, o evento incluiu a assinatura de acordos de cooperação e uma rodada de networking entre empresas.
Na ocasião, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin apresentou as principais áreas de oportunidade para investimentos e parcerias entre os dois países. “Importantes documentos foram assinados na área da agropecuária, que gera um belíssimo programa Green Imperative e possibilidades enormes de parceria com a Embrapa e o Ministério da Agricultura. Na área da saúde, oportunidades em medicamentos e vacinas, com a Fundação Oswaldo Cruz e o Ministério da Saúde. Na área de defesa, de aviação civil e serviços aéreos, com a Air Peace já podendo trabalhar uma linha ligando Brasil e Nigéria; a LATAM, já estudando começar com carga Brasil-Nigéria. Na infraestrutura, muitas possibilidades: petróleo e gás natural – o Brasil precisa de gás natural –, fertilizantes, setor químico e petroquímico, infraestrutura, enfim, inúmeras possibilidades. Temos aí uma avenida de possibilidades de trabalho, investimentos e comércio exterior”, relatou Alckmin.
ApexBrasil na Nigéria
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciou a inauguração de uma representação da Agência na Nigéria e destacou a relevância do momento vivido entre os dois países. “Nós não estamos falando de qualquer país. A Nigéria acaba de se associar aos BRICS. Tem uma população de mais de 230 milhões de pessoas e, segundo projeções da ONU, deverá superar a China em algumas décadas. São informações que mostram a grandeza desse momento que Brasil e Nigéria estão vivendo com os nossos dois presidentes. O presidente Lula se empenhou nessa agenda. A primeira missão que fiz pela Apex neste ano foi para a Nigéria e o propósito era um só: que acontecesse o que está acontecendo aqui”, afirmou.
Viana também lembrou a evolução da balança comercial e a necessidade de recuperar a relevância do Brasil no mercado nigeriano. “Há dez anos, em 2014, o comércio bilateral
era perto de 10 bilhões de dólares. A Nigéria tinha um fabuloso saldo comercial conosco: nós exportávamos cerca de 1 bilhão e eles ficavam com o restante. Como o presidente Lula gosta de dizer, não estamos aqui apenas para ganhar, mas para ter comércio de mão dupla. No ano passado, esse fluxo ficou em torno de 2 bilhões de dólares. Já o maior parceiro comercial da Nigéria hoje é a China, com cerca de 13 bilhões de dólares. Isso mostra a importância que o Brasil já teve, que está voltando a ter e que poderá ter novamente com esse país incrível”, ressaltou.
A ministra da Indústria, Comércio e Investimento da Nigéria, Jumoke Oduwole, reforçou a conexão histórica entre as duas nações. “A conexão histórica entre Brasil e Nigéria remonta há séculos e explica a grande população afrodescendente no Brasil. Da mesma forma, os afro-brasileiros que retornaram à Nigéria trouxeram consigo o artesanato, a cultura e a culinária, que são ainda hoje evidentes em partes do país. Esse encontro pode ser resumido como um gesto típico que confirma nossos laços estreitos e fraternais, fundamentados em vínculos culturais compartilhados”, afirmou a ministra nigeriana.
A CEO da Nigerian Investment Promotion Commission (NIPC), Aisha Rimi, ressaltou a complementaridade das economias e a dimensão das oportunidades abertas pelo encontro. Segundo ela, áreas como tecnologia, mineração, alimentos e energia se destacam como eixos de diálogo e cooperação. “As discussões realizadas aqui mostram a realidade e o potencial de uma colaboração dinâmica entre o Brasil e a Nigéria. Nos últimos anos, tivemos avanços em projetos significativos que unem comunidades, estimulam capacitação técnica e promovem uma gestão sustentável. Isso reforça não apenas a escala de oportunidades, mas também a intencionalidade dos líderes em transformar laços culturais, históricos e geográficos em resultados econômicos concretos”, afirmou.
Já o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, ressaltou a proximidade entre os dois países e o compromisso com a cooperação. “Não tenham dúvidas de que somos, além de um parceiro econômico bilateral, aqueles que querem, de forma consistente, abraçar a Nigéria, assim como abraçamos os irmãos dos demais países africanos”, afirmou.
O encontro foi organizado em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Ministério das Relações Exteriores da Nigéria e a Comissão para Promoção de Investimentos da Nigéria (NIPC).
Cooperação renovada
O fórum é um desdobramento da missão brasileira à Nigéria realizada em junho, na qual o vice-presidente Geraldo Alckmin liderou uma comitiva de ministros e empresários. Na ocasião, os dois países firmaram memorandos em áreas estratégicas como defesa, cultura, turismo e energia. Entre eles, um acordo de coprodução audiovisual, iniciativas
para intercâmbio turístico e capacitação profissional, além de parcerias voltadas à transição energética.
Comércio com potencial de crescimento
Embora Brasil e Nigéria mantenham relações históricas, a corrente de comércio entre os dois países caiu nos últimos anos. Em 2014, as trocas chegaram a US$ 10 bilhões; em 2024, ficaram em US$ 2,1 bilhões. O dado faz parte do estudo Perfil de Comércio e Investimentos da Nigéria, publicado pela ApexBrasil em janeiro de 2025. O desafio é recuperar o dinamismo comercial e diversificar a pauta exportadora, hoje concentrada em açúcar e melaços, que representaram 73,5% das vendas brasileiras no último ano.
O estudo aponta ainda 183 oportunidades de exportação para a Nigéria em áreas como combustíveis minerais, máquinas e equipamentos e alimentos. A entrada do país africano no grupo dos BRICS reforça a perspectiva de maior abertura e cooperação econômica.