O Fórum Econômico Brasil-Portugal, realizado por meio de parceria entre a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) reuniu hoje (20) pela manhã mais de 250 pessoas para debater a cooperação bilateral entre Brasil e Portugal e apresentar oportunidades de investimento e estreitamento de relações comerciais entre os dois países. O evento também marcou a assinatura do termo de cessão não-onerosa de parte do novo escritório da ApexBrasil em Lisboa para a Fiocruz, para estreitar relações com o setor produtivo farmacêutico português e estabelecer mecanismos de cooperação na área da saúde.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, comentou que a corrente de comércio entre Brasil e Portugal, hoje em US$4,7 bilhões precisa aumentar nos próximos anos, segundo Viana, "o investimento que o Brasil faz em Portugal ainda é pequeno. É significativo, mas ainda é pequeno. Temos condição de ter mais investimentos, de sermos um parceiro maior, de ampliar, dobrar, triplicar o nosso fluxo de comércio exterior.” Jorge Viana ressaltou ainda o trabalho da Embraer, que importa partes de aeronaves de Portugal e comentou a necessidade da diversificação da pauta exportadora, com o desenvolvimento de novos mercados além do petróleo.
Em discurso, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin convidou empresários portugueses a investirem no Brasil, mencionando que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimento significativos na área de infraestrutura. Alckmin também mencionou a parceria de sucesso já vigente entre a brasileira Embraer e a portuguesa Ogman que cooperam na área da aviação, produzindo avanços tecnológicos, científicos, cooperando com o desenvolvimento e geração de empregos nos dois países.
Durante o evento, também discursaram o ministro da Economia de Portugal, Pedro Reis, o presidente da FIESP, Josué Gomes da Silva e Joana Gaspar, administradora da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). O fórum está inserido no âmbito da XIV Cimeira Bilateral, conferência oficial entre os governos do Brasil e Portugal que visa estreitar os laços entre os dois países busca promover a interação entre empresas brasileiras e portuguesas, abordando novas áreas de cooperação econômica e comercial.
Comércio
O Primeiro-Ministro de Portugal, Luis Montenegro convidou empresas brasileiras a olharem oportunidades de investimento em infraestrutura em Portugal, mencionando que o país vem desenvolvendo “um dos maiores programas de investimento público”, em referência ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e mencionou a construção do novo aeroporto de Lisboa e empreendimentos de habitação. Segundo Montenegro, o país precisa de capacidade empresarial e mão de obra e que os recentes resultados favoráveis da economia portuguesa, que registrou crescimento de 1,9% em 2024, têm participação de brasileiros, que somam mais da metade dos imigrantes que vivem em Portugal. O Perfil de Comércio e Investimentos da ApexBrasil aponta que em 2025, Portugal deverá manter superávit orçamentário, consolidando sua estabilidade econômica. O estudo traz mais de 500 oportunidades para os seguintes grupos de produto brasileiros combustíveis minerais, produtos alimentícios, artigos manufaturados e materiais em bruto. Entre 2015 e 2024, empresas de Portugal anunciaram mais de US$1,1 bilhão em investimentos no Brasil, tanto em projetos greenfield, como acordos de fusão e aquisição, gerando mais de 10 mil empregos.
WebSummit
O Primeiro-Ministro destacou que o Brasil tem muito crédito, capacidade instalada e potencial de crescimento nas áreas de inovação, tecnologia e inteligência artificial e que Portugal também é um país “vocacionado” para a área. Montenegro afirmou que a sinergia dos países é promissora e deve refletir na criação de meios para que as empresas possam ser mais competitivas, mencionando a realização do WebSummit Lisboa no segundo semestre de 2024 que segundo ele foi um grande sucesso e uma grande vitrine do potencial brasileiro na área, já que o evento contou com a inscrição de mais de 250 empresas
Acordo Mercosul-UE
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que Portugal foi “decisivo” para a conclusão das negociações entre os blocos, comentando que ambos os países colherão benefícios com a implantação do acordo. Segundo o vice-presidente, Portugal foi decisivo para o final da conclusão da negociação entre o Mercosul e a União Europeia, que se estendeu por 25 anos e envolve quase 720 milhões de pessoas e US$ 22 trilhões de dólares. O Primeiro-Ministro português reiterou o apoio ao acordo, reforçando que o comércio externo deve ser menos burocrático, menos complexo e mais recíproco. Segundo ele, o acordo visa a reciprocidade e justiça em critérios de competitividade.