Entre os dias 4 e 7 de novembro, 70 empresas brasileiras inovadoras integraram a delegação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) no Web Summit, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, que ocorre anualmente em Lisboa. Os empresários tiveram a oportunidade de expor suas soluções para um público de mais de 71 mil visitantes e mil investidores, de 160 países, com quem puderam estabelecer contatos valiosos.
A delegação liderada pela Agência para esta edição foi a maior já organizada para o evento. Além da oportunidade de expor em estandes próprios, subsidiados pela ApexBrasil, as empresas contaram com o Pavilhão do Brasil, um dos mais movimentados do Web Summit, como ponto de encontro. O espaço brasileiro abrigou sessões de pitches de startups, rodadas com investidores, happy hours para networking, gravações de videocasts e experiências interativas com tecnologias brasileiras.
Diferente de feiras de produtos, em que contratos são fechados durante a realização do evento, as conexões desenvolvidas em uma conferência de tecnologia costumam levar algum tempo para amadurecer. Mesmo assim, várias startups brasileiras concluíram a participação no Web Summit muito otimistas em relação ao estabelecimento de parcerias frutíferas, tanto em Portugal como em outros mercados.
Os resultados das 70 empresas ainda serão compilados. De qualquer forma, a missão de internacionalização e o Pavilhão do Brasil já cumpriram o papel de projetar a imagem de um país inovador, com ambiente de negócios dinâmico.
Web Summit concluído com sucesso
Uma das empresas que expôs no pavilhão brasileiro foi a Key2Enable, que oferece teclados de computador adaptados e softwares gamificados para crianças com deficiências. Para Karla Galvão, diretora de mídias e comunicações da empresa, o resultado do Web Summit foi melhor do que o esperado.
A Key2Enable já está instalada em Dubai e agora quer atuar na Europa, com piloto em Portugal. “A gente fez muito contato já antes de chegar, graças à ApexBrasil. Mas além disso na feira o fluxo foi muito bom. A gente fez muitas conexões, e já estamos conversando com muita gente da Europa, que é o nosso foco”, revela Galvão.
Segundo ela, as ações da ApexBrasil criam um “senso de comunidade” para o empreendedor fora do Brasil, que é muito positivo. Além da oportunidade de imersão no ecossistema de inovação português, a missão de internacionalização organizada pela Agência incluiu seminários, treinamentos e espaços de networking que prepararam os empresários para o evento. O objetivo era justamente que as startups conseguissem aproveitar ao máximo os contatos realizados ao longo da conferência.
Para Marco Borges, CEO da Drone Solutions, os resultados também foram surpreendentes. “Expusemos como empresa alfa [categoria de startups mais maduras do evento] e realmente realizamos conexões em grande quantidade e muita qualidade”, relata. Além de contar com exposição em estande próprio, a empresa teve a oportunidade de mostrar um de seus drones no pavilhão brasileiro. “Vale muito à pena. O espaço do Brasil foi o mais bonito de todos, disparado”, complementa.
A Drone Solutions oferece uma solução para inspeção de instalações industriais e de infraestrutura de difícil acesso, e já está instalada em Portugal desde julho. Agora, pretende expandir operações na Espanha e na Itália. Ao longo do evento, Borges conta que fez pelo menos 15 contatos “sensacionais” para acelerar esse plano, com investidores norte-americanos, japoneses e indianos. Além disso, uma instituição francesa pareceu muito interessada em desenvolver parcerias.
Outra empresa que que chamou a atenção do público foi a AI Robots, que expôs um braço robótico no Pavilhão do Brasil. Luma Boaventura, sócia fundadora da startup, conta que alguns fundos de investimentos já demonstraram interesse em levar a empresa para a Europa, usando Portugal como uma ponte para o resto do continente.
Especializada em utilização de inteligência artificial e robótica para proteger os seres humanos em tarefas de risco, a AI Robots vê muito potencial no continente europeu. “Como atuamos com o ambiente industrial, é uma vantagem, porque a Europa tem muita indústria. É um mercado gigante em que podemos atuar, e é uma oportunidade para levar soluções tecnológicas da Europa para o Brasil e vice-versa”, concluiu Boaventura.