Empresários estrangeiros se preparam para investir mais no Brasil após diálogos promovidos pela ApexBrasil durante Rio + Agro

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Depois de uma semana de palestras, rodadas de investimentos e visitas externas no Rio de Janeiro, investidores e industriais internacionais afirmam estar dispostos a ajudar o Brasil a reduzir o déficit em fertilizantes e investir em energias renováveis

A convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), investidores internacionais representantes de 11 multinacionais estrangeiras, de diferentes países, do segmento de fertilizantes, energia verde e gás natural, estiveram no país para participar do Fórum Internacional para o Desenvolvimento Agroambiental Sustentável, o Rio + Agro – evento privado organizado com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro -, que ocorreu de 29 de julho a 2 de agosto, na capital carioca. Depois de uma maratona de painéis, debates e rodadas de investimentos organizados pela ApexBrasil, junto com os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e da Agricultura e Pecuária (MAPA), todos os convidados estrangeiros confirmaram interesse em investir e ampliar negócios voltados para soluções renováveis, transição energética e redução do déficit de fertilizantes do Brasil.

Mesmo sendo um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o Brasil depende fortemente da importação de fertilizantes - insumo fundamental para o agronegócio. Com foco em sustentabilidade, o objetivo da ação foi, principalmente, atrair investimentos para fortalecer a produção desse insumo no país. "Fizemos aqui um intenso trabalho para reduzir a dependência que o Brasil possui na área de fertilizantes, especialmente fertilizantes verdes, atraindo países que produzem tecnologias com mais eficiência energética, reduzindo a pegada de carbono dentro do agronegócio brasileiro", afirmou o coordenador de Investimentos da ApexBrasil, Carlos Padilla. "Estamos muito felizes com os diálogos abertos entre as empresas que trouxemos e que tiveram a chance de se conhecer e gerar negócios futuros", acrescentou, lembrando um dos pontos altos do evento, na quarta-feira (31), quando foram feitas mais de 50 reuniões One on One com empresas como a Eurochem, Solatio, Anodox, Helexia, Casale, Atlas Agro, Fluxys, Yara e fundos como Capricórnio Capital e AGBI Asset.

Além de promover o diálogo entre investidores internacionais, empresários e instituições públicas brasileiras ligadas ao agronegócio e energia renovável, a estratégia da ApexBrasil incluiu levar os estrangeiros para visitas técnicas planejadas, como ao parque tecnológico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Lá, os visitante entraram nos laboratórios de química e biologia onde futuramente será um centro de referência em fertilizantes. Em outra visita, eles puderam conhecer ainda o porto ultramoderno Açú, no Norte fluminense, com armazéns para estocagem de produtos de agronegócio e escoamento de produção.

"O Rio + Agro, ao apresentar os interlocutores do governo, promover debates francos e fazer um tour com industriais, empresários e investidores estrangeiros pelo Brasil moderno, ajuda a desmistificar o país. O interesse genuíno do governo precisa chegar aos ouvidos dos investidores para que venham para cá", definiu Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), que elogiou a iniciativa da Apex em "mostrar o Brasil" e abrir portas que pareciam inacessíveis, como a dos ministérios e empresas públicas federais.

Ao final do evento, organizadores do Rio + Agro, representados por Carlos Favoretto, CEO da ECP Environmental Solutions, fizeram uma menção de agradecimento à ApexBrasil, tido como parceiro essencial por levar tantos investidores e gerar tanto diálogo produtivo.

Cenário promissor e otimismo para negócios

Dentre as empresas estrangeiras participantes, estavam algumas que ainda estudam negócios no Brasil, outras recém-instaladas e ainda outras já consolidadas há muitos anos no país. Todas elogiaram a iniciativa da Agência de promover o encontro, visto o potencial do país para segurança alimentar e energias renováveis, temas tão pertinentes no mundo atual.   

Com sede administrativa na Suíça e instalada no Brasil desde 2016, a Eurochem já investiu mais de US$ 2,5 milhões no país e tem hoje mais de 20 plantas instaladas em vários estados, o que a torna a empresa com maior capilaridade no país. "Esse fórum foi um marco porque investimentos serão necessários para diminuir essa dependência internacional, já com esse viés de meio ambiente e sustentabilidade. O país apostou muito em desenvolvimento tecnológico, mas faltava investir em mais diálogo, que foi o grande mérito do evento", disse Gustavo Horbach, diretor-presidente da Eurochem para a América do Sul.

Outro gigante é a Atlas Agro, empresa suíça com foco na produção de fertilizantes nitrogenados com zero emissões de carbono, que acaba de anunciar a construção da primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados, a partir do hidrogênio verde, no Brasil. A planta será implantada em Uberaba, Minas Gerais, com investimentos de cerca R$ 4,3 bilhões. "À medida que a planta industrial de Uberaba entrar em novos estágios, vamos olhar outras localidades", afirmou o executivo Rodrigo Santana, diretor de Operações da suíça Atlas Agro.

No Brasil há três anos, o grupo francês Helexia mandou para o evento um grupo liderado pelo CEO Aurelien Maudonnet. "Ficamos muito impressionados com toda as estruturas que vimos e com o alto nível das rodadas de negócios", pontuou Aurelien, que vende o que chama de "segurança energética", ou seja, estruturas solares que podem ser instaladas em áreas rurais para geração solar fora da rede, consumida diretamente pelo produtor agrícola. "Chegamos sem saber com quem falar, mas agora sabemos", afirmou.

Na outra ponta estão empresas como a suíça Casale, que anunciou estar abrindo um escritório em São Paulo. "Viemos exportar nossa tecnologia para produção de fertilizantes nitrogenados e ureia para participar dos esforços estratégicos brasileiros", revelou Luca Pasco, responsável pelos negócios da Casale na América do Sul, empresa há 60 anos no mercado europeu e referência mundial em tecnologia para beneficiar o agronegócio.

É o caso também da Anodox, nascida sueca, mas se preparando para abrir seu primeiro escritório no Brasil - provavelmente no Rio de Janeiro, segundo Ricardo Uerhara, head de Tecnologia da novata no país, atrás de parcerias. "Agradecemos a Apex por abrir tantas portas. O evento foi uma oportunidade de fazer network intenso com outras empresas e instituições governamentais, de discutir soluções de descarbonização na indústria e investimentos de grande porte no Brasil", disse Uerhara. Sua empresa é especializada em armazenamento de energia - e que no momento desenvolve baterias não inflamáveis. Outro caso emblemático é o da carioca Intcom, que trouxe tecnologia para redução de carbono, tendo como carro-chefe o software Blue Carbon, que permite que empresas compensem suas emissões comprando crédito de carbono de provedores individuais. "Nunca fizemos tantos contatos no Brasil", disse o CEO Álvaro Antunes.

"Foi um prazer participar do evento, lugar muito bonito, conteúdo muito relevante, rodadas de negócios ricas, foram tantas palestras boas, algumas simultâneas. O mais difícil foi escolher qual delas eu escutava, então fiquei revezando de palestras", contou o sócio e diretor de Novos Negócios da AGBI Real Assets, Mário Lewandowski, que diz ter apresentado muitas informações de mercado e se atualizado de projetos governamentais. A AGBI gere fundos focados em agricultura e recuperação de pastagens degradadas.

Visitas técnicas

O tour com os investidores estrangeiros foi um dos pontos altos da semana. No chamado SENAI CTIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), na UFRJ, centro de capacitação tecnológica e inovação da indústria, os empresários entraram dentro dos laboratórios de biotecnologia e ainda conheceram o OceanLab, que produz inovações nas áreas de navegação e plataformas offshore.

Um dos visitantes mais impressionados foi o norte-americano Terry Cosby, chefe do Serviço de Conservação de Recursos Naturais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, especialmente sobre a plataforma que simula as condições em alto-mar para medir a resistência de plataformas de petróleo offshore e petroleiros.

"Todos se impressionaram com nosso avanço e aonde pode chegar a união do estado, mercado, empresas e ciência", resume Bruna Festa, analista de Articulações Corporativas do Parque Tecnológico da UFRJ. O QG na UFRJ será, no futuro, um hub de seis outros centros a serem instalados.

Outra visita foi ao Porto do Açu, em São João da Barra, no último dia antes de retornarem a seus países. Localizado a 300 km da capital fluminense, o Açu é um porto com apenas dez anos, focado em crescimento sustentável, que já movimentava, em 2023, em 11 terminais, 84 milhões de toneladas de produtos - ou 6% de toda a capacidade portuária do Brasil. O Porto já tem papel preponderante na exportação brasileira de petróleo - 40% do que é vendido passa por Açú, por conta da proximidade dos campos produtores do pré-sal - que já atingiram 67% da produção total da Petrobras. E ainda chama atenção pelo fato de ser um porto de águas profundas, capaz de receber os maiores navios do mundo.

Açú também é importante para a importação de gás natural, tornando-se o maior hub de geração de energia elétrica a partir de gás natural da América Latina. É, ainda, porta estratégica de entrada de fertilizantes, inclusive na estocagem - insumo do qual o país ainda sofre forte dependência para o agronegócio.

"O Porto do Açu tem hoje um papel muito relevante para as exportações do Brasil e a Apex é uma parceira de longa data, tanto abrindo elos para o comércio internacional, como em um grande exemplo de atração de investimentos diretos no Brasil", reforça Eduardo Kantz, diretor de Relações Institucionais da Prumo - holding de logística que desenvolveu  o porto, controlada por dois fundos internacionais - o norte-americano EIG e o Mubadala Investment Company, um dos principais fundos soberanos de investimentos dos Emirados Arábes. "Esse fórum foi fundamental como plataforma de debates para um setor estratégico da economia brasileira", explica Kantz, que também recebeu as delegações internacionais. No modelo de porto-indústria, com retroárea propícia para instalação de indústrias, tem parceria com o Porto de Antuérpia, na Bélgica, o segundo maior porto da Europa em tamanho, perdendo apenas para o porto de Roterdã.

A ApexBrasil também levou empresários e investidores de fora à sede do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que, além da Petrobras, reúne as multinacionais do setor, para conversas estratégicas, incluindo um workshop técnico Brasil-Bolívia, cujas exportações de gás são fundamentais para o país. "Nenhum país vive sozinho no mundo e o que discutimos aqui foi a integração energética, gerando oportunidade de negócios para as empresas", resumiu o presidente do IBP, Roberto Ardenghy.

O governo boliviano busca uma aproximação com a Petrobras, na tentativa de atrair investimentos, construir plantas e abrir dutos. Estiveram presentes representes das duas maiores estatais bolivianas do setor, a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), responsável pela comercialização de gás e petróleo na Bolívia, e da EBIH (Empresa Boliviana de Industrialización de Hidrocarburos), estatal responsável por projetos para a produção de produtos resultantes da industrialização de hidrocarbonetos.

"Uma de nossas principais unidades de negócios são fertilizantes e, por isso, nosso destino é desenvolver projetos conjuntos com nosso vizinho brasileiro e gerar sinergia para beneficiar os dois países", pontuou Alejandro Gallardo, gerente-geral da EBIH. "Começamos aqui a definir como ampliar nossas plantas conjuntas para que possamos beneficiar nosso mercado e o brasileiro, que vive um déficit de fertilizantes e que compromete a soberania alimentar dos dois países", completou Omar Alarcón, gerente-geral de YPFB, a chamada "Petrobras" boliviana. Ambos se referiram ao diálogo no IBP como "histórico".

A estratégia do governo brasileiro

O esforço do governo brasileiro é de trazer investimentos agrossocioambientais para descarbonização da produção industrial de fertilizantes no Brasil. Para o setor do agronegócio, a ApexBrasil tem trabalhado com biofertilizantes, biogás, biocombustíveis, máquinas e equipamentos para pequenos agricultores.

"Nossa estratégia passa por ter um aumento de oferta de gás natural nacional, o que aumenta a concorrência, e trazer um gás mais barato e competitivo, especialmente para o setor crítico de fertilizantes, que envolve segurança alimentar", explica Fernando Matsumoto, coordenador-geral de Infraestrutura do Ministério de Minas e Energia (MME). Atualmente, mais de 87% dos fertilizantes usados pela agricultura brasileira são importados - de uma demanda anual de 45 milhões de toneladas/ano - e a meta do Plano Nacional dos Fertilizantes (PNF) é chegar até 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna.

O Brasil tem quatro plantas, em diferentes estágios de produção - na Bahia, Sergipe, Paraná e no Mato Grosso do Sul. "Esse é o desafio da defesa agropecuária nacional, trazer investimentos que levem novos progressos científicos para o campo e reduzam nossa dependência de fertilizantes", resumiu Henrique Bley, Coordenador geral de Fertilizantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

"O que fizemos nesses dias de evento foi conectar as pontas, para que conversassem e buscassem saídas, que não virão de cima para baixo", explicou Rômulo Alves Teixeira, gerente de Integração Operacional de Fertilizantes da Petrobras - área nova da empresa. Para Maria Stela Miglorancia, assessora pra Assuntos Internacionais da Casa Civil e representante do PPI, o Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil da Presidência, um dos pontos mais importantes foi deixar claro o discurso único de governo, voltado para o crescimento nacional, com uma política de governança pública. "A integração regional é uma prioridade do governo", afirmou, lembrando a parceria estratégica com a Bolívia.

Sobre o Rio + Agro

O Rio + Agro: Fórum Internacional para o Desenvolvimento Agroambiental Sustentável, organizado com apoio Governo do Estado do Rio de Janeiro, ocorreu entre 29 de julho a 2 de agosto, no Clube de Golfe do Rio de janeiro, na Barra da Tijuca, reunindo especialistas de diferentes partes do mundo para dialogar sobre ciência, tecnologia, inovação e negócios no setor agroambiental. A ApexBrasil, em parceria com os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Agricultura e Pecuária (MAPA) e com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Industria, Comércio e Serviços do governo do estado do Rio de Janeiro, teve um papel especial com foco em debates e rodadas de negócios com players de transição energética e fertilizantes – estratégico para o nosso agronegócio. Nosso Plano Nacional dos Fertilizantes (PNF).

Sobre a ApexBrasil

A ApexBrasil é uma entidade sem fins lucrativos, interesse coletivo e utilidade pública, que mostra para o mundo o que o Brasil tem a oferecer.  A Agência atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos para setores estratégicos da economia, dando mais visibilidade às empresas brasileiras mundo afora. Para isso, encabeça uma série de ações, como missões prospectivas e comerciais, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira e fazer negócios. Atualmente, a Agência apoia mais de 17 mil empresas sendo 43% delas de micro e pequeno porte. Mais informações em www.apexbrasil.com.br

Tema: Não se aplica
Mercado: América do Sul — América do Norte — Europa
Setor de Exportação: Alimentos, Bebidas e Agronegócios
Setor de Investimento: Energias renováveis
Idioma de Publicação: Português

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