No mês em que é celebrado o Dia Internacional das Mulheres (8 de março), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) reforça o impacto que empreendedoras brasileiras geram na economia e no desenvolvimento social do país, principalmente aquelas que atuam no comércio internacional, além de celebrar o aumento do número de empresárias que buscam expandir seus negócios mundo afora. Para a ApexBrasil, o comércio internacional é uma ferramenta poderosa para levar mais renda e melhor qualidade de vida às mulheres de todo o Brasil.
Em 2024, quase 20% (4.054) das mais de 20 mil empresas atendidas pela ApexBrasil têm liderança feminina. O número reflete um crescimento significativo nos últimos dois anos: em 2022, foram 2.161 empresas lideradas por mulheres apoiadas e, em 2023, foram 2.883.
Segundo Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil e idealizadora do MNI, muitas empresárias brasileiras têm utilizado a exportação como uma ferramenta para crescimento e impacto social. “Quando mulheres lideram negócios exportadores, elas não apenas transformam suas próprias vidas, mas impulsionam suas comunidades e contribuem para um crescimento mais inclusivo e sustentável. A internacionalização gera novas oportunidades, renda e bem-estar”, afirma Repezza.”, afirma Repezza.
Ela explica que, quando uma empresa exporta, toda a cadeia produtiva em torno da exportadora é impulsionada, pois todos buscam aprimorar seus produtos e serviços, adquirir novos conhecimentos e profissionalizar suas operações. Além disso, a exportação estimula a participação de fornecedores locais para atender à crescente demanda. Com o aumento da produção, crescem também as oportunidades de trabalho, a renda e o desenvolvimento local. Além disso, para competir no cenário global, a empresa precisa ainda investir em inovação e adotar práticas sustentáveis, que geram benefícios para toda a comunidade.
Do total de empresas lideradas por mulheres atendidas pela ApexBrasil em 2024, 1.437 foram diretamente impactadas pelo programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI). Há quase dois anos, desde junho de 2023, o programa atua com foco em ampliar oportunidades de negócios para empresas com liderança feminina no comércio exterior por meio de capacitações, mentorias, imersões internacionais, participações em feiras, networking e promoção comercial.
Além de aplicar o recorte gênero, a Agência tem buscado a inclusão de pequenas empresas e cooperativas lideradas por mulheres especialmente no Norte e Nordeste do Brasil – regiões com menores índices de desenvolvimento humano –, em suas ações.
"Sabe qual o segredo para o desenvolvimento do nosso país? Mais mulheres ocupando espaços de liderança no comércio exterior e nos negócios", afirma a diretora de Negócios da ApexBrasil. "Quando uma mulher assume uma posição de liderança em negócios internacionais, ela inspira outras e abre caminhos para que mais mulheres possam expandir suas fronteiras. Lugar de mulher é no mundo inteiro!", ressalta.
Segundo levantamento do Sebrae, as mulheres representam 33,9% dos quase 30 milhões de empreendedores brasileiros, com mais de 10 milhões de donas de negócio. Os dados demonstram que há muito espaço para o crescimento da participação feminina no comércio internacional, tendo em vista que apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras têm maioria feminina entre os sócios, de acordo com estudo publicado em 2023 pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Mulheres que transformam por meio da exportação
Um caso de sucesso é a marca Catarina Mina, do Ceará, que conquistou mercados internacionais ao valorizar a cultura local e promover inclusão e sustentabilidade por meio da moda e de uma cadeia produtiva colaborativa.
Criada pela designer Celina Hissa, a marca venceu o Prêmio Melhores dos Negócios Internacionais - iniciativa da ApexBrasil e da revista Exame realizada em dezembro de 2024 - na categoria Performance Exportadora, subcategoria Empresa Exportadora do Ano (Micro/Pequena). A Catarina Mina se destacou ao usar elementos típicos da região Nordeste, como crochê, renda de bilro e palha de carnaúba, valorizando a cultura do artesanato cearense e impactando mulheres e suas famílias. Suas peças de vestuário e acessórios unem o artesanato tradicional brasileiro ao design contemporâneo e contam com a colaboração de 31 comunidades e cerca de 450 artesãos, dos quais mais de 90% são mulheres.
“Fizemos o PEIEX (Programa de Qualificação para Exportação) em 2014 e começamos a exportar por meio dos programas da ApexBrasil junto com a ABEST (Associação Brasileira dos Estilistas)”, explica Celina. A estratégia da empresa é marcar presença nas principais feiras internacionais do setor, fortalecendo a conexão com clientes estrangeiros.
“Temos pontos de venda na América Central, ilhas do Caribe, Dubai e Estados Unidos. Vendemos bem para esse público ‘resort’, como para Maldivas, e para o Japão também, porque eles gostam muito do que é handmade [feito à mão]”, conta a empresária.
Cada peça carrega consigo a história de sua origem, acessível por meio de um QRcode que conecta diretamente o consumidor ao artesão responsável. “Temos uma página na internet para mostrar tudo que tem por trás do produto acabado. Não é só sobre o produto, é sobre tudo aquilo que você impacta quando você consome”, reforça Celina.
A exportação já está se tornando realidade também para a Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta Turiarte, localizada na região do Tapajós, em Santarém (PA). Composta por 170 cooperados, sendo mais de 95% mulheres, a iniciativa promove o artesanato sustentável e o turismo de base comunitária e é outro caso de empreendedorismo que transforma realidades.
A Turiarte gera renda para 12 comunidades ribeirinhas e indígenas ao valorizar técnicas tradicionais e materiais da floresta, como a fibra do tucumanzeiro e tingimentos naturais à base de folhas e frutos como jenipapo, urucum, crajiru e açafrão. “Hoje, o artesanato sustentável é a principal geração de renda dessas mulheres. Elas conseguem manter suas casas e criar seus filhos através dele”, explica Natália Viana, uma das diretoras da cooperativa.
“Além disso, a iniciativa reforça a preservação ambiental. Não desmatamos, não agredimos a floresta. Pelo contrário, cultivamos e preservamos”, acrescenta Natália. No catálogo da Turiarte existem peças variadas, entre acessórios, peças decorativas e de uso prático como bolsas, biojoias, cestas, vasos, mandalas, luminárias e descansos de pratos e panelas.
Em 2024, peças produzidas por artesãs da Turiarte foram expostas na Expoartesanías, uma das maiores feiras de artesanato da América Latina, realizada em Bogotá, Colômbia. O Brasil foi o país convidado de honra do evento e esteve presente com o Pavilhão Brasil, coordenado pela ApexBrasil, no contexto do programa MNI, que exibiu cerca de 240 peças de mais de 100 artesãs de 23 estados. A participação na feira resultou em vendas da Turiarte para os Estados Unidos. “Estamos no processo de envio de peças para os Estados Unidos, o que representa um avanço importante para a cooperativa e para as artesãs que fazem esse trabalho acontecer", celebra Natália.
"Exportar é um passo importante para qualquer organização, mas para a Turiarte é um marco. Cada peça que produzimos carrega a história de resistência e cultura das nossas comunidades. Mostrar isso para os cooperados que estão na base incentiva a melhoria das técnicas e a continuidade desse trabalho, porque agora sabemos que estamos sendo vistos além das nossas fronteiras. Nosso artesanato, feito por mulheres ribeirinhas, tem um significado profundo. Esse momento representa não apenas crescimento, mas a realização de um sonho coletivo, provando que nosso trabalho tem impacto e reconhecimento", conclui.
A cooperativa já havia exportado de forma pontual em 2022 e, desde então, começou a se estruturar para acessar o mercado internacional de maneira contínua. Em 2023, foi atendida pelo PEIEX e segue investindo em capacitações com o apoio do Sistema OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras.
Conheça outros casos de sucesso na matéria especial sobre o Dia Internacional das Mulheres, publicado no site da ApexBrasil.
Sobre a ApexBrasil
A ApexBrasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a Agência realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior. A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do País. Em 2024, a ApexBrasil alcançou número recorde de 20.596 empresas brasileiras atendidas. Do total, 54% são de micro e pequeno porte. Das empresas apoiadas, 4.678 exportaram o total de US$ 141,5 bilhões, o que corresponde a 42% do total exportado pelo Brasil no ano passado.