Neste 8 de março, a ApexBrasil celebra histórias de sucesso de mulheres exportadoras e os resultados alcançados pelo Programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI)
Mulheres empreendedoras brasileiras estão cada vez mais encorajadas a romper fronteiras e mostrar o seu potencial mundo afora. Em 2024, o programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), beneficiou diretamente 1.437 empresas lideradas por mulheres, revelando que as empresárias se interessam pelo comércio internacional e que buscam ocupar mais espaço neste ambiente.
Um exemplo inspirador desse movimento é o da trader Damaris Eugenia Ávila da Costa, fundadora e CEO da Braseco – comercial exportadora especializada em materiais de construção –, e presidente do Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx) – que possui 1.131 comerciais associadas.
Damaris iniciou sua carreira em 1978, quando a presença feminina no comércio exterior era ainda bastante incomum. "Comecei porque falava inglês, mas nunca tinha trabalhado na área. No primeiro dia, quando meu chefe explicou o trabalho, já me apaixonei pelo comércio exterior", relembra. Hoje, ela não apenas consolidou sua posição no setor – liderando a Braseco e presidindo o CECIEx –, mas também se tornou uma inspiração para outras mulheres que querem trilhar esse caminho.
“Os obstáculos existem, mas são cada vez menores”, afirma a empreendedora. Ela conta que, no início da carreira, especialmente quando teve contato com culturas onde os negócios são tradicionalmente conduzidos por homens, passou por diferentes desafios, mas sempre seguiu em frente. "No início, quando viajava para a África e Oriente Médio, sempre me perguntavam quem era o meu chefe. No Kuwait, por exemplo, tive uma situação em que não consegui me hospedar em um hotel diferente daquele onde estava a delegação porque estava sozinha", conta. No entanto, com preparo e experiência, ela conquistou respeito e credibilidade. "Quando percebem que a mulher está preparada, eles passam a nos respeitar e confiar no nosso trabalho", destaca.
Para Damaris, capacitação é chave. "Participar de eventos internacionais, entender a cultura de cada mercado e aprender idiomas são passos fundamentais", aconselha, acrescentando que coragem e foco também são indispensáveis para ter êxito no comércio exterior. "As mulheres muitas vezes têm medo de falhar, de investir e não ter retorno. Mesmo com muita capacidade de criar e produzir, às vezes falta o apoio da família, do marido, o que faz com que ela se sinta incapaz. Mas eu digo que tem que ter coragem e foco. Se der errado, comece de novo. O importante é se posicionar como profissional, sem receio de se impor", incentiva.
Ela reforça também o papel de programas como o MNI, da ApexBrasil, na capacitação e ampliação das oportunidades para empreendedoras. "Esses programas ajudam as mulheres a enxergar além das fronteiras. O Brasil tem muitas mulheres empreendedoras, mas poucas pensam em exportar. Quando recebem informação e incentivo, percebem que é possível e que há muito espaço para elas no comércio internacional”.
Damaris conta ainda que a contribuição da ApexBrasil foi essencial para a sua trajetória. "Eu posso dizer que há um 'antes e depois' da Apex na minha carreira. Com o apoio que recebi, abri novos mercados para a minha empresa - como Oriente Médio e Norte da África – e participei de feiras e missões comerciais que foram fundamentais para expandir nossos negócios", afirma.
Além de proporcionar treinamentos e eventos de networking, a ApexBrasil auxilia na organização de rodadas de negócios e na preparação de reuniões estratégicas, facilitando o contato direto com compradores internacionais. "Sem essa estrutura e apoio, levaria muito mais tempo e recursos para alcançar esses resultados. Ter essa orientação faz toda a diferença na hora de negociar e fechar contratos", ressalta Damaris.
Transformando a exportação brasileira
De acordo com estudo publicado, em 2023, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras têm maioria feminina entre os sócios. O número indica a necessidade de maior inclusão e incentivo para que mais mulheres ingressem nesse setor. Foi a partir dessa perspectiva que a ApexBrasil lançou, em junho de 2023, o programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI).
O objetivo do MNI é justamente ampliar a participação feminina na base exportadora do Brasil e nas cadeias globais de valor. Para isso, em parceria com mais de 65 instituições, o programa oferece capacitações, mentorias, networking e diversas ações de promoção comercial e investimentos internacionais. "A expectativa é de que o programa atue também no fortalecimento de sua interseccionalidade com raça/etnia, no ecossistema de negócios internacionais e de empreendedorismo feminino junto a redes de relacionamento e a comunidades nacionais e internacionais", explica Maira Cauchioli, analista da diretoria de Negócios da ApexBrasil e líder do MNI.
Os resultados obtidos pelo MNI demonstram o impacto positivo que a iniciativa tem alcançado. No final de 2023, o número de empresas lideradas por mulheres apoiadas pela ApexBrasil havia crescido 33,4%. Naquele ano, 1.189 empresas femininas foram atendidas pelo MNI. Já em 2024, 1.437 empresas lideradas por mulheres foram beneficiadas pelo programa. Dessas, 63% são de micro e pequeno porte, e 37% são de médio e grande porte.
Ao longo do último ano, o programa realizou 78 ações, sendo 67 iniciativas inclusivas e 11 específicas para mulheres. As iniciativas inclusivas garantem benefícios como vagas prioritárias, pontuação extra, critérios de desempate e descontos para participação em eventos e treinamentos da ApexBrasil.
Uma ação inclusiva de destaque ocorreu na edição do programa Exporta Mais Brasil, iniciativa da ApexBrasil que conecta compradores internacionais a empreendedores nacionais. Realizada em novembro, em Manaus (AM), e voltada para o setor de cosméticos e ingredientes, a edição adotou critérios de pontuação no processo seletivo, favorecendo a participação feminina. Como resultado, a maioria das empresas selecionadas foi liderada por mulheres: das 28 participantes, 20 têm liderança feminina. Na ocasião, foram gerados mais de R$ 8 milhões em acordos comerciais imediatos e futuros.
Já as ações específicas têm como foco exclusivo inserir mulheres no comércio exterior, como é o caso do programa Elas Exportam, realizado em parceria com o MDIC, que promove trocas de experiências entre empreendedoras exportadoras e aquelas que desejam entrar no mercado internacional.
“Incluir as mulheres nos fluxos de comércio exterior e de atração de investimentos estrangeiros diretos têm impactos imediatos como a geração de mais riqueza e renda. Isso também produz, no futuro, o que chamamos de impactos intergeracionais”, ressalta Ana Paula Repezza, diretora de negócios da ApexBrasil e idealizadora do Programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI). Segundo ela, a inclusão feminina nos negócios internacionais é estratégica para o crescimento econômico, pois empresas exportadoras tendem a ser mais produtivas, já que o comércio internacional amplia mercados, aumenta as vendas e facilita o acesso a novas tecnologias.
“O Dia Internacional das Mulheres é um momento para reforçar que há espaço para as empreendedoras no comércio internacional, e as histórias de sucesso estão aí para comprovar. Cada vez mais, empresárias conquistam mercados globais, impulsionadas por capacitações e novas oportunidades. Incluir mais mulheres no setor não é apenas uma questão de equidade, mas um caminho para fortalecer a inovação e o crescimento econômico", reforça a diretora.
Em 2024, o MNI recebeu o Prêmio de Boas Práticas do Movimento Elas Lideram 2030, concedido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, e o Prêmio World Trade Promotion Organization (WTPO) Awards 2024, do International Trade Centre (ITC), na categoria "Melhor iniciativa que garante a inclusão e sustentabilidade de um negócio". "Cada premiação é uma vitória da sociedade e uma prova concreta de que estamos no caminho certo", afirma Ana Paula Repezza.
Ainda como parte do MNI, algumas iniciativas também mereceram destaque em 2024, como o Seminário Brasil-Chile: mulheres conectando fronteiras, realizado em agosto, durante a visita do presidente Lula ao Chile, com foco nas políticas de inserção das mulheres no comércio exterior. Realizado em parceria entre o MRE, o MDIC e a ApexBrasil, pelo lado brasileiro, e, a Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais (Subrei) e a ProChile, pelo lado chileno, o evento promoveu o intercâmbio comercial entre empreendedoras chilenas e brasileiras.
Outra importante ação na promoção da igualdade de gênero no comércio internacional foi a parceria da ApexBrasil com o International Trade Centre (ITC), assinada em outubro, que inseriu o Brasil na rede SheTrades Hub. Essa rede mundial, presente em 18 países, capacita empreendedoras com informações, acesso a financiamentos, desenvolvimento de habilidades e conexões necessárias que resultem no aumento da participação feminina nos negócios internacionais. Trata-se de um centro global de recursos e treinamento para mulheres aprenderem, se conectarem com universo de vendas internacionais e fazerem negócios.
Em dezembro, o Brasil foi o país convidado de honra da Expoartesanías 2024, uma das maiores feiras de artesanato da América Latina, realizada em Bogotá, Colômbia. Com foco na valorização do trabalho feminino, o Pavilhão Brasil exibiu mais de 240 peças de mais de 100 artesãs de 23 estados, abrangendo tipologias como moda, cerâmica, decoração, cestaria e instrumentos musicais. A participação brasileira foi organizada pela ApexBrasil no contexto do programa MNI, em parceria com o Ministério das Mulheres, o Sebrae Nacional, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), por meio do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), o MRE e o MDIC.
"Para 2025, estão previstas novas frentes de atuação, e nossa expectativa é ampliar o impacto do programa Mulheres e Negócios Internacionais, inserindo mais empresas lideradas por mulheres no comércio exterior. Além disso, seguiremos trabalhando para expandir a interseccionalidade de raça e fortalecer a cadeia de mulheres que atuam no mercado de trabalho dos negócios internacionais. Com o apoio de diferentes parceiros, podemos construir um ambiente de negócios mais inclusivo e equitativo, criando novas oportunidades para as empreendedoras brasileiras", ressalta Maira Cauchioli.
Maira acrescenta que as parcerias desempenham um papel essencial nesse processo, fortalecendo iniciativas e possibilitando avanços significativos. Um dos exemplos é a parceria com o Banco do Brasil, que lançou, em abril do ano passado, o Programa Primeira Exportação – Edição Mulheres no Mundo para impulsionar micro e pequenas empresas (MPEs) lideradas por mulheres no mercado internacional. A iniciativa tem como meta oferecer capacitação e assessoria gratuita para cinco mil empresas com potencial exportador em todo o Brasil.
Outro caso é o projeto Amazing Foods Brazil Inspired by Women, desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), em parceria com a ApexBrasil. A iniciativa acabou de completar um ano em fevereiro e promove atividades voltadas para a equidade de gênero nos setores relacionados ao comércio exterior da indústria nacional de alimentos. São realizados treinamentos, webinars, participações em feiras e rodadas de negócios.
Parcerias como essas e a estabelecida com o MDIC para o Elas Exportam fazem parte do Compromisso de Equidade de Gênero da ApexBrasil, firmado em março de 2023. O documento completa dois anos este mês e abrange tanto a governança da Agência quanto os programas chamados “finalísticos”, desenvolvidos em conjunto com diversos setores produtivos. Baseado em cinco pilares – equidade, capacitação, apoio, cooperação e transparência – o compromisso busca promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no comércio exterior. Entre as ações, destacam-se o próprio programa Mulheres e Negócios Internacionais, que também completa dois anos em junho, além do estímulo à capacitação, à remoção de barreiras discriminatórias e à formação de parcerias estratégicas para ampliar a participação feminina nos negócios globais. Conheça os parceiros do programa aqui.
Elas Exportam
‘Aprender com quem já sabe’ é a proposta do programa Elas Exportam, que está prestes a iniciar sua 4ª edição. A iniciativa, realizada no âmbito do MNI, reúne mulheres que já possuem experiência com exportação (mentoras), com aquelas que estão iniciando essa jornada (mentoradas), o que promove aprendizado e trocas valiosas que beneficiam todas as envolvidas.
A empresária Isabel Ribeiro, da Amarjon Biojoias, foi uma das mulheres que ampliaram seus negócios após participar como mentora da 3ª edição do programa. "Me ajudou a entender melhor os diferenciais da minha marca e a enxergar novas oportunidades de crescimento", afirma. Após a experiência, Isabel conseguiu exportar para países como Turquia, Estados Unidos, França, Japão, Itália e Canadá, fortalecendo sua credibilidade no mercado global. "A troca de experiências entre as participantes foi enriquecedora e trouxe aprendizados valiosos", destaca.
Outra empreendedora que registrou impactos positivos foi Fernanda Zanuto, da FZ Confecções, especializada na produção de biquínis, maiôs e saídas de praia. Como mentorada da mesma edição do programa, ela recebeu orientação estratégica para adaptar sua empresa ao mercado internacional. "O Elas Exportam me permitiu enxergar falhas que antes passavam despercebidas e, com isso, aprimorar processos essenciais para a expansão da minha empresa", conta. Durante a mentoria, Fernanda identificou problemas de comunicação que comprometiam suas operações e, com o suporte de sua mentora, Amanda Vieira Pinheiro Medrado, conseguiu solucioná-los, facilitando a entrada da marca no comércio exterior.
Para Fernanda, um dos pontos mais valiosos do Elas Exportam foi a troca de experiências com outras empresárias. "Saber que outras mulheres enfrentam desafios semelhantes e compartilhar soluções foi enriquecedor. O programa oferece um suporte fundamental para quem quer se posicionar no mercado internacional", enfatiza.
Inscrições abertas
O Elas Exportam está com inscrições abertas para a sua 4ª edição, que terá início em abril. São oferecidas 50 vagas para mentoradas e 50 para mentoras.
As inscrições para mentoradas estão abertas até 10 de março, neste link.
Para mentoras, as inscrições permanecem disponíveis ao longo do ano, neste link.
Saiba mais sobre o MNI aqui.
Sobre a ApexBrasil
A ApexBrasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a Agência realiza ações diversificadas de promoção comercial que visam promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior. A Agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do País. Em 2024, a ApexBrasil alcançou número recorde de 20.596 empresas brasileiras atendidas. Do total, 54% são de micro e pequeno porte. Das empresas apoiadas, 4.678 exportaram o total de US$ 141,5 bilhões, o que corresponde a 42% do total exportado pelo Brasil no ano passado.