Mesmo em um cenário internacional adverso, exportações brasileiras tem melhor desempenho da história
Nessa sexta-feira (05/01), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou os dados acumulados da balança comercial brasileira em 2023. Conforme os dados, o Brasil nunca exportou tanto quanto no último ano. Entre janeiro e dezembro de 2023, as vendas brasileiras para o mundo alcançaram o valor recorde de US$ 339,6 bilhões e o país chegou a um saldo comercial de US$ 98,8 bilhões, 60% maior que 2022 e também recorde da série histórica. Em 2024, a tendência é que o setor externo mantenha o dinamismo e siga batendo recordes.
A queda das cotações internacionais de commodities não afetou o ritmo de crescimento das exportações, que aumentou 1,7%, resultando em forte impulso externo para o resultado do produto interno bruto (PIB). O saldo comercial contribui para aumentar a confiança dos investidores e para o incremento da oferta de dólares na economia. Isso colabora para a valorização do real, melhorando o poder de compra dos consumidores e auxiliando na contenção da inflação. Já o recorde das exportações impactou positivamente na geração de empregos e na expansão da renda, possibilitando o escoamento de parcela expressiva dos produtos agropecuários, inclusive os previamente estocados, como a soja, além da produção da indústria extrativa.
Na avaliação do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, “os números falam por si só. Os recordes em exportações e saldo são frutos do esforço do setor produtivo e da dedicação do governo federal, em especial do presidente Lula, em abrir mercados, melhorar as relações com parceiros e incentivar uma cultura exportadora. A ApexBrasil desempenha um papel fundamental nesse processo, qualificando as empresas para o mercado internacional e promovendo os produtos brasileiros em todo o mundo”.
O crescimento das exportações do Brasil ficou acima do desempenho comercial global, cuja previsão de aumento, segundo a Organização Mundial do Comércio, é de 0,8%. O país conquistou novos mercados, suprindo a demanda que antes era atendida por outros concorrentes, em um ano em que teve supersafra agrícola e expansão da produção do petróleo acima do esperado.
Principais produtos exportados
Os principais produtos exportados pelo Brasil, em 2023, foram soja (15,7%), óleos brutos de petróleo (12,5%) e minério de ferro (9%), de modo que os setores agropecuário e da indústria extrativa puxaram o crescimento das exportações. As exportações da agropecuária cresceram 9%, tendo alcançado US$ 81,5 bilhões, enquanto a indústria extrativa ampliou suas vendas em 3,5%, ultrapassando os US$ 78 bilhões. No setor da indústria de transformação, tiveram destaque as exportações de aparelhos elétricos e máquinas para mineração.
Principais parceiros
China, Estados Unidos e Argentina mantiveram-se como principais destinos das exportações brasileiras em 2023. As exportações para China bateram recorde em 2023, com aumento de 16,5% em valor e de quase 30% em volume, o que fez o país se tornar o primeiro destino de exportações do país a superar o valor de US$100 bilhões. Para a Argentina, as exportações cresceram 8,9% e totalizaram US$ 16,7 bilhões, sinalizando importante recuperação depois da baixa histórica de 2020, quando o valor foi de US$ 8,5 bilhões. Esse aumento das exportações para Argentina também colaborou para o crescimento do comércio com o Mercosul.
Demanda Internacional
Em 2023, houve um aumento significativo na procura internacional por produtos brasileiros, com um crescimento acumulado de 8,7% nas quantidades exportadas. Esse aumento pode ser atribuído a fatores estruturais, como a expansão da participação do Brasil nas exportações globais de soja e petróleo, impulsionada pela produtividade elevada e competitividade no pré-sal e no setor agropecuário.
Além disso, fatores conjunturais contribuíram para esse crescimento, como a reabertura da China após o término das restrições à mobilidade, o rápido desenvolvimento das economias asiáticas, especialmente em setores intensivos em combustíveis como a aviação, e o crescimento acima do esperado na economia norte-americana.
Expectativas positivas
O desempenho da economia brasileira surpreendeu os analistas de mercado em 2023. O PIB deve fechar o ano em um patamar de crescimento de 3%, valor acima da média global, o que tende a reposicionar o Brasil como 9ª maior economia mundial. Segundo IPEA, no ano, o dinamismo da economia foi pautado sob a ótica da demanda pelas exportações e pelo consumo das famílias e, na perspectiva da oferta, pela agricultura e pelos serviços.
Os resultados melhores do que o esperado criam um contexto de otimismo para 2024. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nesse ano, as exportações devem continuar crescendo, ultrapassando US$ 340 bilhões.