Brasil ocupa a quinta posição entre os principais destinos de investimentos estrangeiros no mundo, segundo as Nações Unidas. Transição energética muda o perfil da entrada de capital no país
O Brasil permanece como destino prioritário de investimento estrangeiro direto (IED), ocupando a quinta posição no ranking da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Assim, o país segue como um dos principais destinos de aplicação de recursos internacionais no mundo. Apenas no primeiro semestre de 2024, foram 188 anúncios de investimentos, que somam um valor de US$ 28,5 bilhões - crescimento médio de 29% a cada semestre e 74% dos investimentos anunciados em 2023. Leia mais no Impulso das Exportações, newsletter trimestral da ApexBrasil.
Os principais setores que receberam anúncios em 2024 foram: o automotivo (US$ 14,2 bi); fabricação de papel (US$ 4,57 bi); geração de energia elétrica por biomassa (US$ 1,4 bi); e serviços de processamento e hospedagem de dados (US$ 1,25 bi). Nos últimos anos, os maiores ingressos de capital estrangeiro em negócios no Brasil ainda se deram em setores tradicionais, como indústrias extrativistas, sobretudo de petróleo e minério. Porém, dados mais recentes apontam para um ciclo de investimentos puxados pela descarbonização.
Transição energética
Nessa agenda, o fato de o Brasil já ter mais de 80% da energia elétrica gerada por fontes renováveis oferece um caminho mais rápido para as empresas que querem reduzir suas emissões. Isso atrai, especialmente, multinacionais para a importação de minerais utilizados na transição energética, como alumínio, lítio - usado nas baterias de carros elétricos -, além de sólidos investimentos em energia eólica.
Em um cenário internacional adverso, no período pós-pandemia, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) global total diminuiu 2%, em 2023, para US$ 1,3 trilhão. Desconsiderando as grandes variações em poucos países europeus, a queda foi de mais de 10%. A redução deve-se principalmente às crescentes tensões geopolíticas e preocupações com "greenwashing". À frente do Brasil, como destino de IED, em 2023, seguindo os parâmetros do UNCTAD, estiveram Estados Unidos, China e Hong Kong. O Brasil esteve à frente de países como Canadá, França, Alemanha, México e Espanha.
Investimentos greenfield
Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) mostram que o investimento global em energia deve superar US$ 3 trilhões pela primeira vez em 2024, sendo US$ 2 trilhões direcionados à energia limpa. Ou seja, os investimentos em energia renovável no mundo já superam o total investido em petróleo, gás e carvão. A maior parte dos investimentos greenfield anunciados por empresas estrangeiras no Brasil desde o ano passado está na indústria de veículos, incluindo fornecedores, já que o setor segue investindo na eletrificação dos veículos.