Acordo foi assinado no primeiro dia do E-Xport Meeting - Semana do E-commerce Internacional, em São Paulo. Empresas serão capacitadas para operar loja eletrônica, e construírem estratégia de marketing, em curso ministrado na China
Com o objetivo de promover e facilitar a entrada de produtos brasileiros no mercado global por meio do e-commerce, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e o Grupo Alibaba assinaram, nesta terça-feira (13), um Memorando de Entendimentos (MoU) que prevê ações voltadas à ampliação de empresas brasileiras no mercado eletrônico internacional por meio da plataforma Alibaba.com e suas filiadas. A cerimônia de assinatura ocorreu no primeiro dia da 3ª edição do E-Xport Meeting, no campus da ESPM em São Paulo, na presença do presidente da ApexBrasil, Augusto Pestana, e do diretor de Relações Governamentais e Internacionais do Grupo Alibaba, Bill Anaya. O evento segue até sexta-feira (16), de forma híbrida, com palestras, casos de sucesso, rodadas de negócios e oficinas sobre os temas mais relevantes do e-commerce internacional. O objetivo é conectar empresas brasileiras aos maiores especialistas em e-commerce no mundo.
A parceria com o Grupo Alibaba viabilizará uma série de ações conjuntas que envolvem a sensibilização de empresas brasileiras para as oportunidades de negócios on-line e a capacitação, por meio de turmas de aceleração, para conhecimento técnico de abertura e operação de loja eletrônica, facilitação de negócios com parceiros da cadeia, promoção nos canais de vendas e construção da estratégia de marketing, além de missões presenciais no campus da empresa. Há ainda a previsão de realização conjunta de um curso sobre e-commerce na China e de lançamento de uma “landing page” de empresas brasileiras no Alibaba.com. Com o acordo, a ApexBrasil subsidiará até 90% dos custos para empresas brasileiras selecionadas venderem pela plataforma.
“O Grupo Alibaba é um excelente parceiro comercial para o Brasil não só para a relação com a China, mas com todo o mundo. A gente trabalha com base em resultados e essa parceria mostrou resultados concretos e por isso essa renovação é importante. Estamos muito satisfeitos com essa parceria”, afirmou o presidente da ApexBrasil, Augusto Pestana. Segundo ele, o Brasil é um dos mercados mais dinâmicos no comércio eletrônico, com crescimento significativo nos últimos dois anos. Em 2021, as vendas registraram crescimento de 35%.
“Nós estamos entusiasmados com esta parceria especial, com a talentosa equipe e liderança da ApexBrasil, e com a nossa futura colaboração. Agradecemos a oportunidade de prestar serviços a vendedores e consumidores brasileiros, e de nos juntarmos à ApexBrasil para construir valor e impacto positivo. Como todos sabemos, estes são tempos desafiadores para as empresas e consumidores. No entanto, este momento também gera oportunidades significativas para expandir o acesso aos mercados globais e construir percursos digitais mais dinâmicos e eficientes para permitir um sucesso mais amplo para as empresas brasileiras e os seus excelentes produtos”, disse o representante do Grupo Alibaba, Bill Anaya.
Lançada em 1999, a Alibaba.com foi a primeira unidade de negócios do Grupo Alibaba e hoje é uma das maiores plataformas de negócio digital para empresas business to business (B2B). Atualmente, a plataforma conta com mais de 26 milhões de compradores ativos, mais de 150 mil fornecedores Global Gold Supplier, presença em mais de 190 países e geração de mais de 340 mil consultas diárias (daily inquiries). Os cinco maiores mercados compradores na plataforma são os Estados Unidos, a Índia, o Canadá, o Brasil e a Austrália.
A Tmall Global é uma das filiadas do Grupo Alibaba. Enquanto a Alibaba.com vende no modelo B2B, a Tmall vende B2C (business to consumer). Ou seja, por meio dessa plataforma, as empresas brasileiras também poderão vender diretamente para uma pessoa física na China a partir do Brasil
Turmas de aceleração
A ApexBrasil e o Grupo Alibaba iniciaram em 2021 as turmas de aceleração em e-commerce internacional na plataforma Alibaba.com. O objetivo é orientar e apoiar a inserção das empresas brasileiras exportadoras no marketplace B2B para atender compradores globais e abrir novos mercados. As empresas brasileiras foram selecionadas por edital e cada turma dividida em duas etapas, a primeira para alinhar o conhecimento sobre a plataforma, e suas potencialidades de negócios em todo mundo, e a segunda para abertura da loja no marketplace B2B, com valores subsidiados pela ApexBrasil. A primeira turma contou com 15 empresas brasileiras e a segunda com mais 26 empresas, somando 41 empresas atendidas até o momento. Com o novo acordo assinado hoje, novas turmas serão formadas nos próximos dois anos e o marketplace Tmall Global, voltado para negócios B2C também será contemplado. A expectativa é de atender 100 empresas por ano em ações de capacitação e negócios.
A pequena empresa familiar de São Paulo, Novo Mel, é uma das empresas que compartilhou sua experiência com e-commerce na China na primeira edição do E-Xport Meeting em 2020. A família, que antes vendia apenas para a vizinhança, oficializou a empresa em 1994 em função de uma oportunidade para exportar extrato de própolis para o Japão. Desde então, segundo o gerente de exportação da empresa, Carlos Pamplona Redher, a empresa vem participando de diversas ações da ApexBrasil para se preparar para o mercado internacional. Já participou do Programa de Qualificação para Exportação, o Peiex, e por meio do Projeto Setorial Brazil Let’s Bee, realizado em parceria com a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel, já esteve em diversas feiras e projetos de venda mundo afora. Hoje, os produtos da Novo Mel já estão em 400 mercados dos Estados Unidos, 300 mercados do Canadá e 200 mercados da China.
Segundo Carlos, o e-commerce surgiu para a empresa pouco antes da pandemia e ele vê esse formato como a oportunidade ideal de alcançar novos mercados. A empresa já vende on-line para a China pela Tmall, mas com a oportunidade da atual parceria com a ApexBrasil, quer ampliar as vendas no país asiático. “A internet é o melhor canal para vender na China e a ApexBrasil o melhor instrumento para isso. Essa parceria da ApexBrasil com o Grupo Alibaba é um portal de oportunidade para o Brasil colocar mais produtos no mundo”, afirmou Carlos.
O próximo edital para formação de novas turmas será disponibilizado no portal da ApexBrasil em outubro.
Histórico de parceria
O acordo assinado nesta terça-feira dá continuidade a um histórico de relacionamento positivo entre a ApexBrasil e o Grupo Alibaba iniciado em 2017. Naquele ano, a ApexBrasil assinou Memorando de Entendimento com a Alibaba.com e com a Tmall para estimular as vendas nessas plataformas. As instituições também assinaram Acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de apoiar empresas brasileiras com treinamentos específicos sobre as plataformas e oferecer descontos às empresas. Em 2018, como desdobramento dessa parceria, foi realizada a missão Dreamtrip Alibaba, com participação de 28 empresários brasileiros e cinco representantes da ApexBrasil. A missão foi composta por uma agenda de cursos, visitas técnicas, elaboração de propostas de negócio e simulação de negócios com o ecossistema do e-commerce do Grupo Alibaba.
E-commerce chinês: o maior do mundo
Na programação do dia (15), terceiro dia do E-Xport Meeting, haverá palestra da ApexBrasil sobre e-commerce na China, e do Tmall Global sobre como vender cross-border para a China e do Alibaba sobre como digitalizar as exportações para o mundo todo por meio de vendas B2B na plataforma (a programação completa está disponível no site https://apexbrasil.com.br/e-xportmeeting-2022.
O comércio eletrônico na China é hoje o maior do mundo. Sozinho, o país atende mais de 50% de todos os pedidos on-line realizados no mundo. As vendas digitais na China ultrapassam o volume somado das transações on-line dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Em 2020, o e-commerce chinês registrou vendas de US$ 2,3 trilhões, valor superior aos PIBs do Brasil e da Argentina juntos. Apesar da previsão de crescimento ser menor neste ano, apenas 9,1%, o total de novos gastos ainda será enorme. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado digital, Insider Intelligence, os compradores digitais da China desembolsarão US$ 240,13 bilhões a mais do que em 2021. Analistas preveem que a cifra alcançará US$ 3,6 trilhões em 2024, quando operações on-line representarão 58% do varejo total da China.