“O multilateralismo abre portas”, afirma Jorge Viana em avaliação pós-tarifaço

02/12/2025
Institucional

Por: Comunicação ApexBrasil

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“O multilateralismo abre portas”, afirma Jorge Viana em avaliação pós-tarifaço

Descrição da imagem: Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, em debate promovido pelo canal Amado Mundo. Foto: Tauan Alencar

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O presidente da ApexBrasil esteve nesta segunda-feira (1/12) em debate promovido pelo canal Amado Mundo. A diretora de Negócios da Agência, Ana Paula Repezza, também integrou o encontro, destacando os diferenciais do Brasil no comércio global

Em encontro promovido pelo canal Amado Mundo, nesta segunda-feira (1/12), em Brasília, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, avaliou a fase pós-tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil este ano e afirmou que a resposta brasileira à crise combinou equilíbrio, estratégia e pragmatismo. 

Nós nunca desistimos dos Estados Unidos. No pragmatismo do presidente Lula, ele não retaliou, não usou a lei de reciprocidade e apostou em buscar uma solução de governo. Foi uma postura de vanguarda, de defesa da soberania nacional, o que eu chamo de uma diplomacia presidencial pragmática.
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil

Segundo Viana, a ApexBrasil intensificou estudos técnicos e a busca por alternativas para mitigar riscos setoriais decorrentes do tarifaço. Ele explicou que a equipe mapeou o grau de dependência do mercado norte-americano e identificou novos destinos com potencial imediato. “Fomos estudar qual é o grau de dependência, produto a produto, e fomos imediatamente procurar no mundo alternativas para esses itens. Encontramos cerca de 70 países que poderiam receber nossos produtos. Identificamos também um volume de mercado enorme que o Brasil podia ter uma participação maior. Estou falando de mais de 100 bilhões de dólares, onde nós podíamos apresentar esses produtos”, ressaltou.

Viana defendeu que “o multilateralismo, o bom comércio, a boa relação são o que garante que as portas sejam abertas e que os produtos possam chegar a outros mercados”.

Segundo o presidente da ApexBrasil, a crise reforçou a necessidade de uma presença internacional ativa, uma diretriz que, segundo ele, foi retomada no atual governo. Viana citou o retorno de encontros empresariais e da cooperação com regiões nas quais o Brasil estava afastado havia anos. “Fazia oito anos que não tinha encontro empresarial com a Alemanha, e nós fizemos. Na África, sete anos de ausência. Isso não pode acontecer de novo no Brasil, porque isso, sim, tira o país do jogo, da disputa internacional”. Ele destacou ainda o papel do Brasil na presidência do G20, dos BRICS, do Mercosul e na realização da COP30, afirmando que a política externa do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “é o maior aliado para a gente crescer o comércio brasileiro, ampliar as exportações”.

O presidente da ApexBrasil também citou exemplos concretos de redirecionamento comercial após a imposição das tarifas dos EUA, destacando a importância do Sudeste Asiático. “Estamos dando uma atenção muito grande para o Sudeste da Ásia. A gente fala sobre China, mas temos Indonésia, Bangladesh, Malásia, Filipinas, países que às vezes são segundo ou terceiro comprador nosso e que já estão no nosso radar. 40% do comércio mundial hoje acontece lá”. Ele citou o escritório da ApexBrasil em Singapura e o acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão, ressaltando que a região concentra o maior consumo global do produto. “Chegamos no governo disputando com os Estados Unidos, que era o maior exportador de algodão. Agora o maior exportador já é o Brasil. E onde acontece a maior compra? Lá no Sudeste da Ásia”, lembrou.

Ele também defendeu o avanço das negociações do acordo Mercosul–União Europeia e ressaltou a importância estratégica de sua conclusão ainda durante a presidência brasileira do bloco. 

A nossa aposta grande também é que o presidente Lula consiga fechar o Acordo Mercosul e União Europeia. Ele preside o Mercosul até o dia 20 desse mês, nós já estamos em dezembro. É possível que se concluam as negociações desse acordo, nas salvaguardas que eles aprovaram. Se isso acontecer, nós vamos criar o maior bloco econômico do mundo, 700 milhões de pessoas. Veja só: o PIB dos Estados Unidos é em torno de 29 trilhões de dólares; o PIB da China é em torno de 19 trilhões. E esse PIB entre União Europeia e Mercosul vai chegar a 22 trilhões de dólares, e o Brasil entrará com livre comércio.
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil

Ao avaliar mais amplamente o impacto global do tarifaço norte-americano, Viana observou que a medida alterou dinâmicas comerciais e aproximou até países historicamente distantes. Ele citou o exemplo de Japão, Coreia do Sul e China, que se reuniram para discutir respostas conjuntas. “Esqueceram todo o passivo histórico para pensar como iriam fazer diante da possibilidade de tarifas tão elevadas para os produtos que comercializavam com os Estados Unidos”, lembrou.

Por fim, ao projetar as prioridades da ApexBrasil para 2026, Viana afirmou que o Brasil ocupa posição estratégica em agendas decisivas para o futuro: segurança alimentar, transição energética, nova indústria e energias renováveis. Ele destacou o peso do agronegócio, a ascensão do petróleo entre os principais itens da pauta exportadora, os avanços tecnológicos da indústria e o protagonismo brasileiro na energia limpa. “A aposta que a gente faz é que, em tudo o que hoje é agenda importante no mundo, o Brasil está presente: alimentar o mundo e garantir segurança alimentar; conduzir a transição energética; e impulsionar a nova indústria. Em todas essas frentes, lá está o Brasil”, afirmou.

Para ele, a estabilidade política nos próximos anos poderá ampliar ainda mais o papel do país no cenário internacional. “Se o Brasil tiver cinco anos de estabilidade política, nós poderíamos ocupar um papel muito mais importante ainda no mundo e ajudar o mundo a ficar melhor”, concluiu.

 

Os diferenciais do Brasil na nova ordem do comércio global

Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil, durante o encontro. Foto: Tauan Alencar

A diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, também participou do encontro realizado pelo canal Amado Mundo e destacou que o Brasil reúne hoje alguns dos ativos mais estratégicos da nova ordem do comércio global. 

A gente vive numa era hoje em que temos dois grandes desafios. Um é a segurança alimentar e outro é a crise climática. Nós temos produtos que conseguem atender a essas duas questões da humanidade atualmente.
Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil

Ana Repezza lembrou que o Brasil não apenas abastece mercados globais com produtos de diferentes níveis de valor agregado, de grãos a alimentos processados, como também exporta soluções tecnológicas capazes de elevar a produtividade de países que mais sofrem com questões de segurança alimentar, especialmente na África e na América Latina. “A gente chega nesses países não só pelos produtos do agronegócio, pelos alimentos propriamente ditos, mas também por meio de máquinas, equipamentos e melhoramento genético, para elevar a produtividade e permitir que esses países produzam ali mesmo. Essa é, inclusive, uma tônica muito importante da política externa do governo Lula: aproximar-se desses mercados não apenas com um olhar de exportação, um olhar comercial, mas também com um olhar de cooperação, no sentido de ajudá-los a se tornarem autossuficientes. Isso gera oportunidades de mercado para nós. É muito importante termos claro que isso também é um diferencial do Brasil", defendeu.

Ao abordar a crise climática, a diretora destacou as oportunidades brasileiras ligadas à transição energética. Ana Repezza enfatizou que a matriz elétrica brasileira, que é 97% renovável, se tornou um diferencial competitivo decisivo, inclusive para atração de investimentos estrangeiros. Segundo ela, essa característica coloca o Brasil na vanguarda do chamado power shoring, conceito no qual empresas instalam suas operações produtivas em países que oferecem energia limpa e estável. “Quando você vem instalar a sua base produtiva aqui no Brasil, você já começa a produzir com uma pegada de carbono baixíssima”, afirmou, destacando que esse fator tem peso crescente no custo e na reputação de cadeias globais. A diretora ressaltou ainda que a transição energética amplia oportunidades em setores como biocombustíveis e energias renováveis e abre espaço para novas agendas de inovação e competitividade.

Segundo ela, esse cenário se conecta diretamente ao avanço dos minerais críticos, considerados pela indústria global como base da descarbonização. “O Brasil tem a segunda maior reserva de minerais críticos do mundo, e estamos falando de minerais que serão fundamentais não apenas para a produção de outras energias renováveis, como a energia eólica, que depende de superímãs produzidos a partir de minerais críticos, mas também para as baterias elétricas dos veículos”, lembrou, acrescentando que essa é a grande aposta da União Europeia para descarbonizar o transporte, além da China, que também avança fortemente nessa direção. A diretora defendeu ainda que o Brasil continue buscando o adensamento da cadeia produtiva mineral, evitando permanecer apenas como exportador de minérios brutos.

 

Recuo do tarifaço

Em 20 de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ordem executiva que removeu as sobretaxas de 40% sobre uma lista de mais de 200 produtos importados do Brasil, com vigência retroativa a 13 de novembro. A decisão desonerou itens como café, carne bovina, frutas, castanhas, vegetais, sucos e fertilizantes. A medida acompanha o decreto global de 14 de novembro, que havia eliminado, também a partir do dia 13, as tarifas “recíprocas” aplicadas a diversos produtos importados pelos EUA, incluindo a alíquota adicional de 10% que afetava as exportações brasileiras.

A reversão das sobretaxas sobre centenas de produtos nacionais foi possível após meses de reuniões técnicas entre as equipes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos e ganhou impulso após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump em 26 de outubro, na Malásia.

 

Encontro “Pós-tarifaço como oportunidade”

O encontro “ApexBrasil apresenta: o pós-tarifaço como oportunidade”, promovido pelo canal Amado Mundo, teve patrocínio da ApexBrasil e foi realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reunindo autoridades e especialistas do comércio exterior para discutir os impactos e as novas perspectivas abertas pela redução das taxas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

Realizado em 1º de dezembro, o evento contou com a abertura do secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, e apresentou dois momentos principais: um painel sobre os efeitos nas indústrias e no agronegócio, moderado pela jornalista Beatriz Bulla, e uma entrevista com o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, conduzida por Guilherme Amado, com foco no papel da Agência na ampliação da presença internacional do Brasil. Com apoio do Banco do Nordeste, o encontro destacou estratégias, caminhos e oportunidades para fortalecer o comércio exterior brasileiro.

Tema: Promoção Comercial
Mercado: Estados Unidos
Setor de Exportação: Não se aplica
Setor de Investimento: Não se aplica
Setor de serviços:
Erro: