Seminário Econômico Brasil-China busca ampliação do comércio e de investimentos entre a primeira e a terceira maiores economias do Sul Global.
Nessa quarta-feira (05/06), em Pequim, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin e o representante de Comércio Internacional da China, Wang Shouwen, abrem Seminário Econômico Brasil-China, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Evento reúne empresários dos maiores e mais promissores setores econômicos de Brasil e China, com destaque para indústria, finanças, agronegócio e transição energética.
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil, um importante investidor no país e as oportunidades mostram o potencial de crescimento da parceria estratégica nas áreas do Novo PAC, infraestrutura, energia renovável, automotiva, carros híbridos, veículos elétricos, complexo da saúde, indústria aeronáutica”, afirmou o Alckmin.
Já o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou o caráter estratégico do evento para as relações entre Brasil e China. “Temos a oportunidade de desenvolver uma parceria estratégica da indústria brasileira com o maior parque industrial do mundo. O Brasil pode ser um espaço para as indústrias chinesas estabelecer parcerias com empresas para acessar mercados na América do Sul e na África”, pontuou Viana.
Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil–China
A inteligência de mercado é um importante instrumento para identificação de padrões de comércio e investimentos, oportunidades, riscos e, igualmente, para a definição de estratégias que impulsionem os produtos brasileiros no mundo. É com esse objetivo de impulsionar as relações econômicas entre Brasil e China que a ApexBrasil lançou, durante o seminário, o Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil-China, que foi elaborado com o apoio do Conselho Empresarial Brasil–China (CEBC).
“O Mapa Bilateral preenche um vácuo importante de conhecimento mútuo, ao consolidar dados macroeconômicos e detalhes estruturais do comércio bilateral e investimentos entre esses dois importantes parceiros”, afirmou o coordenador de Acesso a Mercados da ApexBrasil, Gustavo Ribeiro. Ainda segundo ele, a expansão do comércio bilateral foi impressionante nas últimas décadas. De 2003 a 2023, nossas exportações para a China cresceram mais de 23 vezes, ultrapassando US$ 100 bilhões, em 2023. Contudo, existe o desafio de diversificação das exportações brasileiras.
“As exportações do Brasil para a China podem ir além da venda de soja, petróleo e minério de ferro que são super relevantes mas concentram a pauta. Juntas, representam mais de 75% de nossas exportações. Quanto aos investimentos, a China se posiciona como o oitavo maior investidor no país, primeiro asiático, e suas empresas são fundamentais na aceleração da transição energética brasileira”, concluiu, disse o coordenador.
De US$ 6,6 bilhões, em 2003, a corrente de comércio bilateral chegou a US$ 157,5 bilhões em 2023. Já em 2009, a China superou os EUA como principal destino mundial das vendas externas do Brasil, e, no ano passado, os embarques brasileiros para a China alcançaram mais de US$ 100 bilhões. A pauta exportadora brasileira, no entanto, é bastante concentrada em três grupos de produtos. Soja, petróleo e minério de ferro representaram, juntos, 75,1% do total exportado para o país.
O estudo chama a atenção para a importância da China como fonte de divisas estrangeiras para o Brasil. Em 2023, o superávit de US$ 51,2 bilhões com a China representou 51,7% do superávit total do Brasil.
As relações com Pequim também são estratégicas para o Brasil em termos de investimentos estrangeiros direitos (IED). O estoque de capital chinês investido no Brasil, que, em 2010, totalizava US$ 8 bilhões, em 2022, alcançou o patamar de US$ 37 bilhões. Além de ter deslocado o Japão como maior investidor asiático no Brasil, o país já está à frente de investidores históricos como a Alemanha e Itália.
O setor de energia foi de longe o mais relevante em termos de valor, tendo acumulado em estoque mais de US$ 14 bilhões dos US$ 37 bilhões investidos por empresas chinesas no Brasil, segundo dados do BACEN, o equivalente a 40% do total. A indústria extrativa veio em seguida, com participação similar, de 39%”, destacou Gustavo Ribeiro.
Resultados da missão à China
Durante a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin à China, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Luckin Coffee assinarão, no dia 5 de junho, em Pequim, um Protocolo de Intenções para promover o café brasileiro no mercado chinês. O acordo visa aumentar a conscientização na China sobre a alta qualidade e a sustentabilidade ambiental do café produzido no Brasil. A parceria faz parte do projeto "Brasil na Vitrine", iniciativa da ApexBrasil junto com grandes players do varejo internacional para estimular as vendas de produtos brasileiros.
Outro fruto da missão foi o estabelecimento de uma parceria entre a ApexBrasil e o distrito de Yangpu, em Xangai, para impulsionar internacionalização de empresas brasileiras e fomentar atração de investimentos.
O Memorando de Entendimento assinado pelas instituições prevê eventos conjuntos de inovação, showrooms, estações de trabalho, avaliação de modelos de negócios, mentoria e business matching para auxiliar empresas brasileiras a se estabelecerem na China. Além disso, são previstas ações para conectar empresas brasileiras de tecnologia com investidores chineses e para apoiar empresas de Yangpu interessadas em investir no Brasil.