Agro é tech: startups brasileiras do agronegócio levam inovações para Singapura

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Em missão do programa Startup OutReach, brasileiros buscam internacionalizar o lado tecnológico das cadeias de produção de alimentos

Com território exíguo e 5 milhões de habitantes, Singapura importa 95% dos produtos alimentícios que consome. Para reduzir o risco de abastecimento, o país estabeleceu a meta “30 por 30”, de alcançar a autonomia de produção de 30% dos alimentos até 2030. Driblar o desafio de terras escassas e caras requer tecnologias inovadoras, que o Brasil pode oferecer.

De olho nessas tendências, startups brasileiras chegaram ao mercado com soluções que aumentam a eficiência produtiva. Entre 25 de outubro e 3 de novembro, doze empresas selecionadas para a fase de imersão do Programa Startup OutReach estiveram em Singapura para apresentá-las ao mercado local. Duas delas atuam diretamente no agronegócio.

Segundo Leandro Antunes, adido agrícola brasileiro em Singapura, as empresas se beneficiam da confiança que o Brasil já conquistou no mercado. “Somos um tradicional parceiro no setor de alimentos. No segmento de carnes, por exemplo, possuímos mais de 50% do marketshare do país”, explica. O acordo comercial Mercosul-Singapura, em fase de assinatura, é um reflexo da importância da relação bilateral. 

Agora, o objetivo é expandir essa parceria para o campo da inovação. O governo singapuriano tem investido no desenvolvimento de proteínas alternativas e no aumento da produção de vegetais e pescados, setores nos quais o Brasil pode contribuir.

 “A parceria ainda é inicial, mas o caminho é esse que o Startup OuReach está trilhando: trazer as startups para Singapura para que elas possam mostrar seus produtos e serviços, encontrar com potenciais investidores e se estabelecer aqui”, adiciona o adido agrícola.

Sustentabilidade

A BioUs, que trabalha com a produção de bioplásticos a partir dos resíduos da produção de pescados, foi uma das empresas do agro selecionadas pelo Programa para a imersão em Singapura. A startup chega ao mercado asiático para oferecer uma tecnologia sustentável e já está estabeleceu parceria com um centro de pesquisa no país. 

A ideia surgiu quando o biomédico Raimundo Lima da Silva levou os conhecimentos do laboratório de genética para o campo, especificamente para a aquicultura. Ele percebeu que uma bactéria usada no seu centro de pesquisa poderia ser útil na produção de pescados. O microrganismo se alimenta de toxinas e as transforma e um polímero biodegradável.

Colocada em um tanque de peixes, essa bactéria limpa a água e ainda gera os bioplásticos, extraídos com a tecnologia desenvolvida e patenteada pela BioUs. De acordo com Raimundo, CEO da empresa, a aquicultura convencional demanda de 15 a 20 mil litros de água para produzir um quilo de pescado. Com a inovação proposta e patenteada pela startup, esse montante cai para 120 litros. 

Além de contribuir para tornar a produção de pescados mais intensiva, o biopolímero, por usar dejetos como insumo principal, também se torna uma opção mais barata do que outros plásticos biodegradáveis. Em Singapura, a BioUs encontrou parcerias para desenvolver a tecnologia e escalar a solução. “O movimento agora é desenvolver patente, desenvolver produtos, com segurança jurídica para então trabalhar com escala”, explica Raimundo.

Agronegócio baseado em dados

Outra empresa que busca oportunidades no Sudeste Asiático é a Fine Instruments, que desenvolve soluções para diversas indústrias usando ressonância magnética nuclear. O principal mercado de atuação da startup é o de análise de amostras de óleo de palma, oferecendo informações para a indústria aumentar a produtividade.

O fundador, Daniel Consalter, explica: “temos um hardware que serve como um sensor, para analisar diferentes parâmetros de líquidos e sólidos. Pode ser calibrado para diferentes produtos, em diversos setores”. Foi com uma reportagem sobre a Embrapa que Daniel teve a ideia de atuar com agronegócio. 

Hoje, a somando óleo de palma, cerveja e óleos e gorduras, o setor de agroalimentos representa cerca de 80% da comercialização da empresa. “Entendemos essas indústrias e como as análises se aplicam ao negócio dos nossos clientes. Mostramos que o equipamento, com toda a inteligência embutida, se paga em cerca de 3 meses”, complementa Lucas Topp, responsável pelas operações.

Desde 2019 a Fine Instruments tem buscado se expandir para o exterior, com foco especialmente no óleo de palma do Sudeste Asiático, que representa 90% do mercado mundial da commodity. As exportações já correspondem a 50% do faturamento da empresa. “Na pandemia a gente não fechou por causa da exportação”, celebra Sílvia Azevedo, sócia da empresa.

Em Singapura, a startup busca instalar uma unidade para atender a região e escalar os negócios. “Em sete anos conseguimos 40% do marketshare da América Latina, e queremos replicar isso aqui”, afirma Daniel. Durante a missão, a empresa percebeu que além do óleo de palma, pode oferecer sua solução para outras cadeias. “O mercado singapurense está focado em carne alternativa, mas ainda em fase embrionária. Então há boas oportunidades para nós, porque eles ainda não têm controle de processo”, avalia Daniel.

Startup OutReach Brasil

O Startup OutReach Brasil é um programa de internacionalização e apoio à inserção de startups brasileiras nos mais promissores ecossistemas de inovação do mundo. Realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

Criado em 2017, o programa já passou por Buenos Aires, Paris, Berlim, Miami, Lisboa, Santiago, Toronto, Boston, Xangai, Nova York, Bogotá-Medellín, Chicago, Madri-Barcelona e Singapura. Atendeu quase 300 startups e gerou mais de US$ 25 milhões em negócios.

 

Tema: Expansão Internacional
Mercado: Ásia (Exclusive Oriente Médio)
Setor de Investimento: Serviços de Tecnologia
Setor de serviços:
Idioma de Publicação: Português

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