Em Baku, temas como descarbonização, adaptação a mudanças do clima e construção de um novo modelo de transição ecológica com respeito aos povos da floresta foram destaque na programação de painéis do pavilhão brasileiro
A primeira semana do pavilhão brasileiro na COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024), em Baku, no Azerbaijão, foi repleta de painéis que debateram a concretização de uma economia ecológica orientada pela transição justa. Juntos, sociedade civil, governo, parlamento e setor empresarial seguem discutindo oportunidades para uma transição energética responsável, que alinha crescimento econômico às demandas ambientais. O Brasil, que será o anfitrião da próxima COP, em Belém, no ano que vem, vem retomando o protagonismo global nessa agenda e os debates da COP29 reforçam o potencial do país para esse papel.
O Pavilhão do Brasil é fruto de uma parceria estratégica entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e diversas instituições governamentais e organizações do setor privado. Entre os parceiros estão o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Os patrocinadores são: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); o Banco do Brasil (BB); Caixa Econômica Federal (CEF) ; Banco da Amazônia (BASA); Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); Confederação Nacional do Transporte (CNT); Confederação Nacional da Indústria (CNI); Itaú; e Instituto Clima e Sociedade (ICS).
"O Brasil esteve ausente dessa agenda. No governo passado até se recusou a sediar uma COP. Mas essa agenda não pode ser enfrentada positivamente no mundo sem a presença brasileira. Não se trata de opinião ou visão política. O Brasil precisa ser protagonista dessa agenda", discursou o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, durante a inauguração do pavilhão brasileiro no evento, na última terça-feira (12).
"A ApexBrasil e o BNDES estão trazendo essa mensagem para o mundo de que houve uma reversão da imagem do Brasil, do que se espera não só na questão do clima, mas de recuperação das florestas, além da questão social. Esse protagonismo foi retomado nesses dois últimos anos", explicou Luiz Navarro, diretor de Compliance e Riscos do BNDES. Ele lembrou a retomada do Fundo Amazônia e o Fundo Clima, que ficaram totalmente paralisados e contam com recursos internacionais. Ele mencionou ainda dois novos projetos, o Sertão Vivo - Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais no Nordeste, e o projeto Arco da Restauração, que se contrapõe ao Arco da Devastação, e prevê recuperar 6 milhões de hectares nas áreas desmatadas até 2030 e mais 28 milhões até 2050, atingindo um melhor patamar de neutralidade de carbono.
Luiz Lessa, presidente do BASA - banco que abrange uma área de 30 milhões de moradores da Amazônia, em 450 municípios - afirma que o banco é o maior financiamento do desenvolvimento da Região Norte, levando crédito e assistência técnica e cuidando do desenvolvimento sustentável, sem desconsiderar a sustentabilidade social da região. “Cerca de 43% de todo o investimento de fomento da Amazônia sai do BASA”, disse Lessa, que lembrou a importância da COP30, que será em Belém, e afirmou que o Banco vai ajudar a apoiar o desafio de infraestrutura na região.
Vander Costa, presidente da CNT, lembrou a importância de uma logística mais eficiente para as exportações, reduzindo a emissão de poluentes naquilo que for transportado. "O Brasil tem um enorme potencial de transporte de carga, inclusive as safras exportadas", disse. Do governo Lula pra cá, informou, temos conseguido triplicar o investimento - de 6 bilhões de orçamento por ano para 18 bilhões -, mas ainda há um longo caminho. Ele defendeu a privatização de rodovias e concessão de hidrovias como forma de aumentar os investimentos. E a viabilização da Ferrovia Transcontinental, também conhecida como Ferrovia Transoceânica, iniciativa entre Brasil e Peru para conectar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, cruzando o continente Sul-americano de Leste a Oeste.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, disse que a COP29 é um "momento marcante para a história da humanidade" e que "a globalização da economia com viés para a sustentabilidade e inovação- seja no comércio ou na indústria da transformação- não tem mais volta". Décio lembrou o acordo ApexBrasil-Sebrae, assinado em setembro passado, que incentiva que cooperativas, micro e pequenas empresas (MPE), especialmente das regiões Norte e Nordeste, iniciem ou aperfeiçoem estratégias voltadas para a exportação, ressaltando que menos de 1% das pequenas empresas integram a balança comercial brasileira. "Sabemos que estamos impactando a vida do povo brasileiro", completou, para quem "Apex e Sebrae são almas gêmeas". O Sebrae atende quase 40 milhões de brasileiros.
"O Sebrae tem acompanhado muito de perto essa transição energética e sabe que não há possibilidade de uma transição energética que passe pelos pequenos negócios", pontuou Margarete de Castro Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae. Para ajudar nisso, o Sebrae criou o primeiro selo ESG (Governança ambiental, social e corporativa) do Brasil, para que os pequenos negócios possam se adaptar a práticas sustentáveis e incentivar bioeconomias e a criação de startups em áreas remotas. Programação do Pavilhão Brasil na COP29
A COP29, em Baku, segue até o dia 22 de novembro. Até lá, o Pavilhão Brasil será palco de muitos debates e apresentações sobre iniciativas do país no combate às mudanças climáticas e na promoção de um desenvolvimento econômico sustentável para o Brasil e o mundo.
No canal do youtube da ApexBrasil é possível acompanhar toda a programação ao vivo e gravada. Confira a programação completa do pavilhão brasileiro na COP29 aqui.